No meu artigo “Por Que Motivo Devo Investir na Bolsa?”, expliquei as razões da necessidade imperiosa de investir na bolsa.
De forma resumida, no referido artigo, apontei os seguintes motivos:
De acordo com o sobredito, fica clara a necessidade de nos aventurarmos no mundo das bolsas de valores; no entanto, tal caminho é mais complicado do que à primeira vista possa parecer: implica conhecimento e uma selecção criteriosa da corretora.
Um pintor, um mecânico ou um médico são profissões que demoram anos para serem desempenhadas de forma correcta e segura; para tal, é indispensável uma formação sólida e demorada.
Em primeiro lugar, o leitor deve contratar formação em bolsa – poderá passar por um curso de bolsa ou um serviço de webinars diários, onde um investidor experiente explique os passos necessários para a análise dos mercados e dos valores. Muitos investidores consideram tal passo um custo, quando na verdade deviam considerá-lo um investimento: esse é um erro que não deverá cometer.
Negociar em bolsa não é muito diferente: o caminho para o sucesso, rendibilidades e lucros elevados, é longo. Várias etapas devem ser consideradas pelo leitor.
Para a contratação desta formação em bolsa, o leitor deverá assegurar-se que no final do processo tem conhecimentos sólidos em relação ao seguinte:
Como vimos em artigos anteriores, a bolsa de valores é o local onde se processam as instruções de vendedores e compradores para um dado activo e/ou instrumento financeiro.
Importa ter claro que uma dada transacção apenas ocorre caso exista um acordo voluntário entre as partes, comprador e vendedor.
Existem vários tipos de bolsas organizadas: as bolsas de valores e as bolsas de futuros e opções; estas últimas servem para a negociação de instrumentos derivados. Os investidores também podem utilizar os mercados não oficiais: OTC (Over-The-Counter).
Aqui, em lugar de uma bolsa que centraliza todas as instruções de vários investidores, a negociação ocorre entre um investidor e uma instituição financeira; esta última, actua como contraparte do cliente – por essa razão advêm vários conflitos de interesses que importa conhecer.
Conhecer o tipo de ordens que se podem instruir a uma bolsa de valores é da maior importância: e porquê?
Em primeiro lugar, os investidores podem beneficiar de uma execução superior; por outras palavras, no caso de uma compra, obter preços inferiores, no caso de uma venda, preços superiores.
Por outro lado, podem-se evitar perdas desnecessárias, através da colocação correcta de uma ordem Stop ou de uma ordem que permite captar e consolidar ganhos de uma dada posição–ordem take profit.
Caso esteja interessado em conhecer em detalhe as ordens que se pode instruir a uma bolsa de valores e de que forma utilizá-las, não deixe de ler o artigo “Investir Na Bolsa: Que Tipo De Ordem Utilizar”.
O risco de um determinado activo deve ser sempre avaliado previamente a qualquer selecção de um dado activo.
Vejamos a Figura 1, onde consta a medição do risco para vários activos financeiros.
A cotação das acções da Tesla é muito mais “arriscada” que um par cambial, como é o caso do EURUSD.
Para termos uma ideia das oscilações, vamos ver alguns meses:
Colocar um determinado capital num activo deve ter em conta precisamente esta possível amplitude de resultados, denominado de volatilidade. Quanto maior a amplitude de possíveis retornos, menor o capital que deve ser arriscado; não compreender isto pode causar enormes dissabores a um investidor.
Para além do risco do activo, o leitor deverá ter em conta o instrumento financeiro que irá utilizar para negociar um dado activo. Por exemplo, podemos negociar a Tesla com acções, CFDs ou Futuros.
No caso destes últimos dois, tratando-se de instrumentos derivados, permitem a negociação da Tesla com margem, o que significa?
A negociação com margem implica que apenas necessito de depositar uma fracção da exposição ao activo para obter uma exposição às variações de preço do activo.
Vejamos um exemplo:
A opção b), através de CFDs, implica a utilização de alavancagem financeira, devidamente detalhada no artigo “Alavancagem Financeira: O que é? Como funciona?”, o que significa que as rendibilidades resultantes do movimento da cotação têm maior amplitude.
Vamos ilustrá-lo:
Ou seja, de acordo com o instrumento financeiro utilizado, a amplitude dos resultados pode ser brutalmente amplificada; no nosso exemplo, através de acções teríamos +10%/-10%, enquanto com CFDs +50%/-50%.
Se o leitor não compreender em detalhe o funcionamento de um dado instrumento financeiro: não o utilize; dever ter uma experiência prévia com pequenos montantes, caso pretenda negociar em bolsa através desse instrumento.
Por outro lado, também os podemos utilizar para proteger o valor de uma carteira de acções ou outros activos, aquilo que se designa por hedging: nada como um curso de bolsa para se obter todos os detalhes de como proceder para tal protecção.
A selecção dos activos obriga a definir uma estratégia; esta deverá responder a várias questões: em que activos vou investir (acções, obrigações, matérias-primas, divisas, índices…), em que geografias (EUA, Portugal, Alemanha…) e em que sectores de actividade (tecnologia, bancos…).
Como podemos observar na Figura 2, se estivéssemos a investir no final de Fevereiro de 2021, era importante observar que o Petróleo regista uma subida acentuada, podendo indicar uma tendência ascendente; no sentido contrário, estaria o Ouro.
No caso de acções, também devemos ter em conta os sectores de actividade com “mais força” ou “menos força”; ou seja, temos de analisar se um determinado sector de actividade, vamos imaginar energia, está com uma tendência ascendente – “força”- ou descendente – “fraqueza”; neste último caso, será mais indicado abrir posições curtas, com o propósito de se obter lucros com a queda do preço – se o leitor deseja conhecer como funciona, recomenda-se este artigo.
Vamos supor que o leitor adopta a seguinte estratégia:
No que respeita à Aposta 1, importa seleccionar o índice norte-americano que poderá satisfazer melhor essa estratégia. Podemos socorrer-nos da análise técnica na selecção do índice, por exemplo, em qual dos índices deve investir: sp500,Nasdaq 100 ou Russell 2000.
Em primeiro lugar, deve-se verificar se existe uma tendência ascendente ou descendente. Como a identificamos?
Através de um processo simples, desenhando uma linha que permita seleccionar o maior número possível de pontos, como podemos observar na Figura 3.
Se observarmos o gráfico, fica claro que o índice está a subir desde o final de Março de 2020; desta forma, um investidor que decida abrir uma posição curta no índice sp500 incorre num sério risco de perdas, dado estar a contrariar a tendência ascendente.
Não basta conhecer a tendência, também é relevante averiguar a existência de padrões gráficos; de que se trata?
O comportamento gráfico das cotações tende a repetir-se, o que significa que existe uma enorme probabilidade de uma dada tendência continuar, caso ocorra uma determinada formação, ou reverter, no caso de outro tipo de formações gráficas.
Ou seja, temos padrões de continuação e de reversão de tendência. Se deseja conhecer algumas destas formações, recomendamos a leitura do artigo “Investir na Bolsa com Formações Gráficas”.
Após a análise de eventuais formações gráficas, importa avaliar a consistência de uma dada tendência, mesmo quando uma formação gráfica a confirme; como funciona? Validando a tendência com um oscilador, por exemplo, o RSI (artigo sobre osciladores).
Vamos ver um exemplo, tal com se pode observar na Figura 4.
Na prática, consiste em averiguar se a cotação e o oscilador, neste caso o RSI, indicam a mesma leitura: máximos crescentes coincidem com máximos crescentes, por exemplo.
Existem múltiplas divergências que importa ter em conta na hora de tomar decisões de investimento. Mais uma vez, se alerta que apenas um curso de bolsa avançado permite o domínio deste tema tão relevante.
Quando temos a segurança – nunca é possível, podemos chamar dizer elevada probabilidade – que uma determinada tendência irá continuar, importa definir uma estratégia de entrada e saída, em particular a perda máxima que estou disposto a aceitar para essa posição.
No caso do momento correcto de entrada, muitos investidores socorrem-se das velas japonesas para identificar o melhor momento de abertura da posição; também se poderá utilizar momentos de ruptura, seja de um suporte ou de uma resistência.
A colocação da ordem Stop, a cotação onde não aceitamos mais perdas, é de extrema importância: qual a cotação onde pretendemos definir este alarme.
Para tal, como sobredito, podemos utilizar um suporte importante – no caso de uma posição longa – ou definir uma percentagem máxima de perda que estamos disponíveis a aceitar, por exemplo 5%.
Esta percentagem deve ter em conta o risco do activo e a alavancagem financeira que pretendemos adoptar. Esta técnica de gestão da conta de corretagem é definida por gestão monetária. Sem ter isto claro, torna-se extremamente difícil ter sucesso de forma consistente.
Para além da sua formação, o leitor deve preocupar-se em seleccionar correctamente a corretora onde deseja negociar.
De forma sucinta, julgo que deverá ter em conta os seguintes aspectos:
Estimado leitor, se estiver atento a todos estes aspectos, em particular à sua formação em bolsa, investir em bolsa será seguramente uma caminhada de sucesso: de que está à espera?