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Especular em Bolsa com Velas Japonesas

As velas japonesas, tal como o nome indica, foram introduzidas no Japão por Munehisa Homma, um trader de contratos futuros de arroz, no século XVIII.

Na década de 90, há relativamente pouco tempo, este tipo de representação gráfica da bolsa de valores foi introduzida no mundo ocidental.

Steve Nison, com o seu livro Japanese Candlestick Charting Techniques, foi o primeiro a propor a utilização de velas japonesas na análise técnica de activos financeiros.

O que é? Como funciona?

Para melhor ilustrar, vamos socorrer-nos de uma exemplo detalhado na Figura 1.

Figura 1

Para construir uma vela japonesa é necessário recolher 4 preços para um dado período. Vamos supor que o período 1, na Figura 1, corresponde a uma hora de negociação de uma dada acção numa bolsa de valores, entre as 8:00 e as 9:00. O primeiro negócio, ou seja, às 8:00, foi realizado a 20, enquanto o último negócio, às 9:00, ocorreu a 25.

Durante esta hora de negociação, o preço máximo e mínimo dos vários negócios que ocorreram foram a 30 e a 15, respectivamente. Com estes preços já podemos construir uma vela japonesa.

O corpo da vela é constituído pelo preço de abertura, neste caso 20, e pelo preço de fecho, neste caso 25. Se o preço de fecho é superior ao preço de abertura, o corpo da vela será verde, indicando uma subida, precisamente o que ocorreu no período 1.

Por outro lado, o preço máximo é superior ao preço de fecho, 30 e 25, respectivamente, constituindo a sombra superior. A sombra inferior é constituída pelo preço de abertura e o preço mínimo, 20 e 15, respectivamente, constituindo a sombra inferior.

Vamos agora analisar o período 2, que ocorreu entre as 9:00 e as 10:00. Em primeiro lugar, o corpo da vela deste período deverá ser pintado a vermelho, atendendo que o preço de abertura é superior ao preço de fecho, 25 e 15, respectivamente.

A sombra superior não existe, ou seja, o preço máximo de todos os negócios durante a hora de negociação, entre as 9:00 e as 10:00, correspondeu ao preço de abertura; neste caso, desde as 9:00, todos os negócios ocorreram a um preço inferior ao preço de abertura (25).

Em relação à sombra inferior, ao contrário da sombra superior, existe, correspondendo à distância, representada por uma linha, entre o mínimo do período, 10, e o preço de fecho desta hora de negociação, 15.

Importa agora ter em conta os aspectos mais relevantes na interpretação das Velas Japonesas, tendo em conta os dois tipos de velas, a ascendente e a descendente (ver Figura 2):

  • O corpo da vela dá-nos uma ideia de velocidade da subida (verde) / descida (vermelho)
  • Se o corpo da vela diminui, a pressão compradora (verde) / vendedora (vermelha) diminui
  • O tamanho da sombra indica a amplitude da variação do preço num dado período

Figura 2

Na Figura 3, podemos constatar a importância que o corpo da vela tem para a análise do preço:

  • No caso da primeira vela ascendente, com um corpo grande, indica que a tendência é acentuada, neste caso ascendente;
  • No caso da segunda vela ascendente, com um corpo pequeno, indica que a tendência poderá inverter; os “spinning tops” encontram-se na maioria das formações;
  • No caso da terceira e última, sem corpo, indica que a tendência poderá inverter; os compradores e os vendedores estão em equilíbrio. Tal situação ocorre com menor frequência.

Figura 3

A análise técnica recorre a padrões que se repetem, com o propósito de identificar a manutenção ou inversão de uma determinada tendência, seja ela ascendente ou descendente. Por exemplo, o muito conhecido ombro-cabeça-ombro é uma figura que indica a inversão de uma tendência ascendente.

Os padrões de velas japonesas também nos podem indicar se uma determinada tendência se irá manter ou reverter, com uma vantagem adicional: podem indicar pontos de entrada numa determinada posição.

Como é óbvio, neste artigo não irei detalhar todos os padrões de velas japonesas, mas apenas alguns exemplos para ilustrar o quão útil é a sua utilização no momento de especular em bolsa. Assim, podemos iniciar os exemplos com os padrões mais simples, constituídos por apenas uma vela.

Vamos iniciar com duas formações:

  • 1) Hammer (Martelo)
  • 2) Hanging Man (Homem-na-Forca). Os exemplos encontram-se na Figura 4.

Figura 4

No caso do Martelo (Hammer), a sombra superior poderá existir, mas deverá ser insignificante. A sombra inferior deverá ser duas vezes ou superior ao corpo da vela. Importa ter claro que a cor do corpo da vela é irrelevante, podendo ser tanto ascendente (verde) como descendente (vermelho).

Em que situação deverá aparecer?

Deverá aparecer após uma tendência descendente. A vela posterior deverá confirmar a inversão da tendência descendente.

No caso do Homem-na-Forca (Hanging Man), a sombra superior poderá existir, mas deverá ser insignificante. Tal como na figura anterior, a sombra inferior deverá ser duas vezes ou superior ao corpo da vela e a cor do corpo é irrelevante.

Esta formação deverá aparecer após uma tendência ascendente, em particular após uma subida importante, preferencialmente, no momento em que se registam máximos ou resistências importantes. A vela posterior deverá confirmar a inversão da tendência descendente.

Vamos agora analisar formações com duas velas, neste caso:

  • 1) Engulfing ascendente
  • 2) Engulfing descendente. Os exemplos encontram-se na Figura 5.

Figura 5

O mercado deverá encontrar-se numa tendência ascendente/descendente clara e bem definida, mesmo que seja de curto prazo.

O padrão é constituído por duas velas. A segunda deverá encobrir o corpo da primeira vela, a sombra não é necessária. A cor da segunda vela deverá ser de uma cor distinta da primeira.

Igualmente com duas velas, temos as formações:

  • (1) Piercing 
  • (2) Dark Cloud Cover, tal como podemos observar na Figura 6.

Figura 6

No caso da Piercing, o mercado deverá encontrar-se numa tendência descendente. O padrão é constituído por duas velas. A primeira, deverá ser de cor descendente e com um corpo comprido. A segunda, deverá abrir abaixo do mínimo da primeira vela. A segunda vela deverá penetrar, pelo menos, 50% do corpo da primeira vela.

No caso da Dark Cloud Cover, o mercado deverá encontrar-se numa tendência ascendente. O padrão é constituído por duas velas. A primeira, deverá ser de cor ascendente e com um corpo comprido.

A segunda, deverá abrir acima do máximo da primeira vela. A segunda vela deverá penetrar, pelo menos, 50% do corpo da primeira vela.

Vamos agora terminar o presente artigo com as formações mais complexas, aqueles padrões constituídos por três velas.

Na Figura 7, apresentamos a Morning Star/Ascendente e a Evening Star/Descendente.

Figura 7

No caso do padrão Morning Star, este é composto por três velas. A primeira vela deverá ter um corpo comprido e cor descendente. O corpo da segunda vela deverá estar por baixo o fecho da primeira vela; a sua cor é indiferente. Entre a segunda e terceira vela deverá haver um gap; a terceira vela deverá ser de cor ascendente e penetrar em mais de 50% na primeira vela.

No caso do padrão Evening Star, este padrão, constituido por três velas, em que a primeira vela deverá ter um corpo comprido e cor ascendente. O corpo da segunda vela deverá estar por cima do fecho da primeira vela, a sua cor é indiferente. Entre a segunda e terceira vela deverá haver um gap; a terceira vela deverá ser de cor descendente e penetrar em mais de 50% na primeira vela.

Com estes exemplos, julgo que demonstrámos ao leitor a importância que as velas japonesas, em particular as formações, como auxilio às decisões de investimento, através da confirmação se determinada tendência se irá manter ou não.