No presente artigo iremos realizar um ponto de situação do mercado de Forex. Como seria de esperar, iremos analisar a evolução das principais divisas contra o USD – a moeda reserva do mundo.
Na Figura 1, podemos observar a rendibilidade do Ouro (XAU), Franco Suíço (CHF), Euro (EUR), Libra Esterlina (GBP) e o índice do Dólar entre o final de 2019 e a terceira semana de Agosto do presente ano, frente ao USD – divisa norte-americana.
Como podemos observar, no presente ano, o dólar norte-americano tem-se depreciado frente às demais divisas, em particular contra o Ouro; no presente ano, apreciou-se quase 30%, quando medido em USD.
Tal evolução não se reflectiu no Índice do Dólar, atendendo que apenas compreende a evolução do USD frente às principais divisas Fiat.
Este índice iniciou-se em 1973, após o final do sistema monetário acordado em 1944 em Bretton Woods- Agosto de 1971, quando o presidente Nixon determinou o fim da convertibilidade do Dólar norte-americano em Ouro. Este índice iniciou-se com o valor 100.
Hoje, segundo alguns críticos, este índice ainda reflecte o mundo de há 50 anos atrás, pois as moedas chinesa (CNY), brasileira (BRL), mexicana (MXN) e sul-coreana (KRW) não fazem parte do mesmo; tem todo o sentido, pois, presentemente, as economias destes países têm um peso relevante no comércio mundial.
Dá-nos uma ideia da “força” do USD, a moeda âncora do actual sistema monetário.
Na Figura 2, podemos observar a evolução deste índice desde 2015.
Podemos observar que a tendência ascendente da divisa norte-americana terminou em Maio do presente ano, reflectindo as medidas de emergência decretadas pela Reserva Federal: estímulos monetários sem fim e taxas de juro, uma vez mais, em 0%.
No presente momento, aproxima-se de um suporte relevante, em torno a 92,5.
Na Figura 3, podemos observar a evolução do par cambial EURUSD desde 2015. A moeda única encontrava-se em tendência descendente desde 2018 – ano em que chegou a cotar em torno a 1,25 USD por Euro.
Tal como anteriormente explicado, os estímulos monetários da Reserva Federal norte-americana, em Março e Abril do presente ano, provocaram a depreciação do USD: o Euro não foi excepção.
Em Julho, nova resistência – outra linha de tendência – foi superada, fruto do programa de estímulos europeus: o fundo de resgate, a denominada “Bazuca”. Vivemos no mundo estranho: se anuncias uma massiva impressão de dinheiro, pode ser bom para a moeda!
A pergunta que agora se coloca é se o par cambial EURUSD irá alcançar a resistência em torno a 1,20 USD por Euro; caso a rompa, é provável que a tendência ascendente, que se verifica desde Maio, continue o seu caminho.
Apesar de tudo isto, importa mencionar que as economias do Sul da Europa estão arrasadas pela crise Covid-19; por essa razão, a recuperação económica europeia poderá obrigar o BCE a superar a Reserva Federal em estímulos monetários: no fundo, uma corrida para o abismo. Ora deprecio eu, ora deprecias tu.
No que respeita à Libra Esterlina, depois do fundo registado a quando da votação do Brexit, em Junho de 2016, voltou a testar esse nível, em torno de 1,14 USD por libra, em Março de 2020 – ver Figura 4. Desde então, tem vindo a recuperar.
Este duplo fundo, pode indicar a reversão da tendência descendente, a linha descendente indicada na Figura 4.
Se a Libra Esterlina superar a resistência, torno a 1,34 USD por Libra, poderá indiciar uma recuperação da moeda britânica. Em caso contrário, poderá voltar testar os mínimos anteriores.
As negociações do acordo de saída irão continuar a influenciar de forma decisiva este par cambial.
No caso do Franco Suíço, muitos investidores percepcionam esta divisa como um activo refúgio, em particular em tempos de crise, como a que presentemente vivemos: o Covid-19. Desta forma, rompeu uma resistência, em torno a 1,09.
De momento, poderá ocorrer um pull–back, podendo-se voltar a testar esta resistência, que agora se tornou um suporte. Em caso de não perder este anterior máximo, os 1,09, o Franco Suíço poderá retomar a tendência ascendente que se verifica desde Abril de 2019.
Para terminar, vamos analisar a evolução do Ouro, a activo refúgio por excelência, por muitos, ainda considerado como uma divisa.
No mercado de Forex, o Ouro é definido por três letras: XAU. No presente ano, subiu quase 30% frente ao USD.
Este ano, no mês de Julho, depois de superar o anterior máximo, em torno a 1920 USD por onça, registado em 2011, o Ouro superou esta resistência, atingindo um novo máximo: 2073 USD por onça.
Actualmente, está a ocorrer um pull-back, com a cotação a aproximar-se do anterior máximo, que agora serve de suporte – 1 920 USD por onça.
Se este suporte for respeitado nas próximas semanas, o Ouro poderá continuar a sua trajectória ascendente, tal como acontece desde Setembro de 2018, em que cotava pouco acima dos 1100 USD por onça.