Em Novembro de 2008, na London School of Economics, a rainha de Inglaterra fez uma pergunta simples sobre a crise: ‘Por que é que ninguém percebeu que iríamos ter uma crise assim?’. E o professor Garicano, daquele estabelecimento de ensino, respondeu: ‘Em todas as fases, alguém confiava em alguém e todos pensavam que estavam a fazer o que era correto’.
Uma das razões de existência deste blogue, é ajudá-lo a entender o mundo financeiro actual. De modo a preparar-se nos moldes que entender apropriados para enfrentar o futuro, porque acreditamos que iremos ver uma crise muito maior do que a última para a qual antecipadamente preparámos aqueles que nos liam.
Em 2008, como agora, apesar dos modelos financeiros e monetários não serem mais sustentáveis, todos pensam como dizia o professor Garicano, da London School, que estão a fazer o que é correto.
A minha tese é que os bancos centrais são os motores da inflação e o seu principal objectivo é inflacionar, enquanto vão gerindo as expectativas e os receios do público, subestimando a inflação, ao dizer que procuram um objectivo de 2% de inflação.
Não vai certamente gostar daquilo que vai ler mas, como é gratuito, pode sempre não ligar ao que vai ser dito, não lhe custou nada.
Aquilo de que vos quero falar está relacionado com um acontecimento específico que ,acredito, irá acontecer no futuro próximo, mas que na realidade já está a acontecer e não tem a devida atenção. Este acontecimento trará mais protestos e confrontos para as ruas, porque estamos, na realidade, a falar de inflação.
Quando se trata de preparativos para a inflação, é melhor chegar cedo do que tarde. Imagine como deve ser na Venezuela com 1 milhão e 700% em um ano. A maioria das pessoas acredita que a inflação é um aumento nos preços, quando, na verdade é um aumento na quantidade de dinheiro e do crédito.
Se houver, num determinado ano, muita maçã no mercado, o preço cai, toda a gente entende isso. Da mesma maneira que, uma quantidade crescente e constante de dinheiro e de crédito diminuirão o valor do dinheiro. Um problema adicional, que já se torna evidente, a inflação monetária não afecta a todos da mesma maneira, e é a causa de um grande aumento na disparidade entre ricos e pobres que, por vezes, só tem solução em guerras de que a Alemanha, Grécia e Jugoslávia são exemplos próximos.
O maior aumento de dinheiro na história ocorreu desde 1999 e, em particular, desde 2008, como pode ser visto neste gráfico.
Isto é inflação, mesmo que ainda não seja vista nos preços ao consumidor.
Voltando à Alemanha em 1930, os preços aumentavam a uma taxa anual de 29.000%, na Jugoslávia, em janeiro de 1994, a inflação diária era de 62% e na Grécia, em 1944, os preços dobraram a cada quatro dias.
Embora não tenha uma bola de cristal, abordo este assunto com convicção, integridade e liberdade intelectual, porque ninguém sabe ao certo por que acontecem estes processos de hiperinflação. O que sei é que eles podem acontecer e têm acontecido e essa é uma das razões que me levou a ser um dos fundadores de uma plataforma de negociação de activos reais.
Não. Para que isso não aconteça, imprimem dinheiro. Essa foi a resposta. Portanto, este processo de imprimir dinheiro pode ser o evento que mudará o nosso modo de vida. Não digo isto de forma leviana, limito-me a seguir a lógica do meu raciocínio.
A realidade é que também ninguém acreditava em mim, quando dizia, em 2006, que era possível ver a falência de grandes bancos e depois aconteceu o Lehman Brothers e todos os outros que agora sabemos. Mas isso foi em 2006 e hoje estamos em 2020 , e constato rigorosamente os mesmos problemas só que muito maiores, pelo que logicamente não posso deixar de pensar que essa crise iminente só pode ser infinitamente mais perigosa.
As perguntas que deve fazer são:
Se tem dúvidas em responder a estas perguntas, só pode ser porque está provavelmente, neste preciso momento, a perguntar-se por que razão é que os Bancos Centrais afirmam que lutam contra a inflação se, de facto, estão a fazer tudo para criar inflação?
Deixe-me ajudá-lo nessa dúvida. Os Bancos Centrais precisam de proteger os interesses dos bancos, porque os bancos estão no negócio de emprestar dinheiro e criar crédito, mas acreditam realmente que podem controlar a inflação.
Vai ser preciso pensar na finança de um modo diferente, por vezes em directa oposição ao que é politicamente correto. A economia de consumo está condenada, o consumo não pode tomar uma parte cada vez mais importante do PIB. A robotização com a inteligência artificial vai eliminar inúmeros postos de trabalho e criar novos problemas sociais enquanto a população mundial continua a aumentar.
Gostaria só de recordar as três fases de como a última crise se desenrolou: