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COVID-19: O Fim do Risco? O Fim Das Bolsas?

O risco parece ser uma palavra maldita no dicionário português; está agora a ser levado ao limite com os 1780 mortos causados pela Covid-19, um número pouco mais de metade das mortes causadas pela gripe em Portugal em 2019.

Apesar da frieza dos números, do facto de todas estas pessoas terem familiares e amigos próximos, sabemos que metade das mesmas teve origem em lares. Sabemos igualmente que 99,9% das mortes têm uma idade média acima da esperança média de vida em Portugal, tanto para homens como mulheres.

Estas são as premissas para se tomarem decisões.

Mas desde a nossa mais tenra idade, que todos, sem excepção, somos condicionados a não correr riscos. Os pais e a escola aconselham-nos a não correr riscos e a fazer as coisas de forma segura.

Afinal de contas, o risco, tal como está convencionado na nossa sociedade, só tem um lado: apenas o mau.

Infelizmente este, como outros condicionamentos do nosso crescimento enquanto cidadãos, não passa com um passe de mágica, pelo que nos permitimos fazer um diagnóstico e uma sugestão para o país Portugal.

As finanças do País têm que ser entendidas por todos, mas de forma simples, para que todos as possam compreender.

Guardadas as proporções, a economia do País ou a economia de uma família é a mesma coisa, no entanto, as pessoas pensam que o Estado tem um défice porque gasta mais do que o que recebe, sabendo muito bem que no seu agregado, a mesma situação, não é considerada um défice mas sim um grave problema.

Façamos o exercício de explicar de forma simples conceitos simples que, por força do ‘’progresso’’, nos levaram a afastar-nos do bom senso.

O Porto de Londres precisava, em 1970, de 108 homens e 5 dias de trabalho para descarregar um barco de madeira. Hoje são precisos 8 homens e um só dia para realizar o mesmo trabalho. A isto chama-se progresso.

Ganhos de produtividade, emprego de tecnologia e aumento de desemprego, nesta actividade em particular.

Muitos outros exemplos poderiam ser dados, de actividades que por desapareceram por completo. A actividade do Corretor de Bolsa é hoje uma actividade em vias de extinção, com o advento das plataformas tecnológicas por internet e com a tendência da regulação que dá primazia à automação.

A mudança é pois um factor constante da evolução da humanidade, podendo mesmo dizer-se que é a única coisa que permanece.

As pessoas sabem, apesar de não o reconhecerem, que a mudança é a regra fundamental da vida. Logo, as resistências à mudança não são naturais.

Para ser mais claros ainda, se a mudança é a única constante, então a incerteza é a variável natural. Pouco natural é a surpresa com que a maioria da população convive com a incerteza, sabendo como se sabe que a vida é imprevisível.

A solução está numa maior assunção de riscos, porque tomar riscos é aceitar a mudança, aceitar a realidade e, por essa razão, assumir riscos é a forma mais segura de aceitar a mudança.

Hoje, entrar num carro representa um terço do risco Covid-19, tendo em conta que morrem cerca de 500-600 pessoas por ano em acidentes de viação; até hoje, ninguém se lembrou de proibir as pessoas de conduzir nas vias públicas.

É fundamental fazer entender às pessoas a necessidade de compreender o risco, porque este pode ser um factor altamente produtivo.

Os empresários de sucesso sabem que o risco é uma vantagem competitiva para ser usada; e não um obstáculo para ser evitado.

O Português entende como natural procurar o seu interesse próprio, melhorar a sua condição de vida, aumentar o seu poder de compra. Conceitos económicos elementares que devem conduzir à prosperidade.

Curiosamente, o conceito de capital fora destes parâmetros não é compreendido. Veja-se a publicidade do Euromilhões que procura atingir com precisão a natureza do consumidor: ‘’Criar excêntricos’’.

Não é criar empresários, ou promover riqueza, é tão-somente criar consumidores e elevá-los ao padrão de excêntricos, ou seja, sem qualquer razoabilidade.

É aqui que vamos chegar à realidade dos dias de hoje, porque quando se esperaria um maior esforço por parte do Estado, para que a população seja capaz de criar riqueza, eis que este interfere com o intuito de nos proteger do risco da Covid-19, na esteira do seu nefasto hábito para angariar mais poder com o argumento de nos proteger de todos os riscos.

Ora como a situação económica está sustentada, num modelo de desenvolvimento baseado no consumo, a tentativa de eliminar o risco criado pela Covid-19 está a tomar consequências dramáticas.

Seguramente, estamos no limiar de importantes transformações, o que confere enorme responsabilidade às lideranças políticas, a quem cabe assumir a vanguarda na condução de propostas concretas para o desenvolvimento económico.

É certo que não queremos ver mortes com origem no vírus, mas também não queremos o total descontrolo da situação típica de “casa em que não há pão todos ralham e ninguém tem razão”.

Passados estes meses é mais fácil tomar decisões e não é vergonha reconhecer que houve erros.

Os Suecos reagiram de forma diferente ao mesmo problema, com resultados similares ao nível das perdas de vida e resultados muito melhores em termos económicos. Essa é a natureza das decisões, podem estar certas ou erradas, podem ser melhores ou piores.

Até aqui temos tido uma economia caracterizada por uma actuação fortemente paternalista do Estado, que não tem os resultados previstos, quando é considerada a perda de riqueza e o desemprego existentes.

O actual momento exige que as respostas aos problemas sejam mais pragmáticas e menos teóricas.

O vírus existe e está na sociedade, não vai desaparecer.

As pessoas que são verdadeiramente afectadas pelo vírus têm uma faixa etária de mais de 80 anos e devem proteger-se com as recomendações que são aplicadas a todos.

Parar a sociedade pode ajudar algumas pessoas a retardar o inevitável, mas prejudica a grande maioria da sociedade de viver a vida.

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