Nas últimas duas semanas, os índices norte-americanos sofreram uma das correcções mais rápidas da sua história. Desde um máximo histórico, registado no último dia 19 de Fevereiro de 2020, de 3 386 pontos, o índice S&P 500 corrigiu 13%, encerrando a cotar nos 2 954 pontos na última sessão do mês de Fevereiro de 2020.
Segundo a maioria dos analistas, estas quedas devem-se à propagação do Coronavírus em vários países, causando a disrupção das cadeias de abastecimento dos países ocidentais, actualmente muito dependentes da China, onde o vírus regista mais casos confirmados e, infelizmente, óbitos.
Apesar da gravidade da pandemia, julgo tratar-se apenas da notícia perfeita para explicar uma simples correcção de mercado, atendendo que o índice S&P 500 estava sobrecomprado há bastante tempo, senão vejamos o seguinte gráfico.
Por outro lado, o pânico gerado pelo vírus, irá certamente suportar a justificação perfeita para mais intervenções por parte dos bancos centrais. Assim, são prováveis novas reduções de taxas de juro nos Estados Unidos e mais injecções de liquidez – impressão de dinheiro- nos próximos dias, ou seja, para estimular um mercado que sobe ininterruptamente há 11 anos, com um ganho acumulado de 400%, aproximadamente, desde mínimos de Março de 2009.
Aliás, o mercado na última Sexta-Feira já deu sinais que espera algo por parte das autoridades. Apenas a 15 minutos do fecho do mercado norte-americano na última Sexta-Feira, o índice subiu 2,6%, de 2880 pontos para 2 954 pontos!
Desde a última crise em 2008, nada se fez para resolver os problemas que deram origem à mesma. Para um problema de excesso de dívida, tivemos a incrível solução: mais dívida! Senão vejamos.
Desde o final de 2008, a dívida pública norte-americana regista um crescimento de 7,7% ao ano, enquanto o PIB norte-americano apenas 3,7% (fonte: Reserva Federal dos EUA). O crescimento da dívida pública realiza-se ao ritmo de 1,1 biliões de USD (10^12 USD)!
Atendendo à política de juros 0% do banco central norte-americano, as grandes empresas endividaram-se para comprar acções próprias, colocando pressão compradora no preço e estimulando uma bolha bolsista sem precedentes.
A dimensão desta bolha está diante de nós: no final de Janeiro de 2020, a capitalização bolsista do mercado norte-americano representava 200% do PIB norte-americano (Fonte: CNBC), um nível nunca antes atingido. Desta forma, era natural que esta correcção tinha de ocorrer.
No entanto, os comissários soviéticos que agora nos governam julgam que no seu mundo de estímulos e planeamento central, estas correcções não podem ter lugar.
A correcção desta enorme bolha será inevitável, no entanto, nunca sabemos por quanto tempo os banqueiros centrais, suportados pelas suas máquinas de imprimir dinheiro, poderão evitar o rebentamento da mesma. Parece que vêem aí mais medidas mágicas nos próximos dias!
Em conclusão, esta primeira semana de Março irá determinar se os planeadores da economia irão ou não continuar a controlar o mercado e a economia.
Caso não tenham sucesso, a situação poderá descontrolar-se. Neste caso, os especuladores com posições curtas serão os novos donos da situação. Investir na bolsa em 2020, com os recentes desenvolvimentos, poderá ser um tremendo desafio.