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ONDE FALAMOS DE BOLSA
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Impacto

Após doze anos de subidas sustentadas, os principais mercados accionistas mundiais corrigiram entre 15% a 17% em apenas sete dias, no que foi uma queda ininterrupta. Os índices americanos registaram mesmo a correcção de 10% mais rápida na sua história, seis dias, contribuindo para a evaporação de oito triliões de dólares dos mercados mundiais, ou seja 10% do PIB mundial.

O Coronavírus foi, sem dúvida, a melhor desculpa para uma correcção nos mercados e para os Bancos Centrais continuarem a imprimir dinheiro, a reduzir taxas de juro sem necessidade de desculpas adicionais e a destruir a poupança.

Impacto

Aliás, este evento serve como desculpa perfeita para tudo – a ausência de crescimento, a diminuição do crescimento do PIB derivado da diminuição do turismo e consumo, e para o inevitável aumento do défice nos vários países. Não existem dúvidas que muitos dos problemas reais da economia se irão esconder e esquecer.

Uma parte do pânico gerado nos mercados foi consequência da reacção dos governos e das redes sociais à evolução do contágio deste vírus.  Ao decretar quarentena em cidades, apesar do efeito contenção da expansão do vírus, gerou-se um alarme social, económico e financeiro com impactos incalculáveis na confiança nos mercados financeiros.

Por outro lado, o encerramento das fábricas, a interrupção da cadeia produtiva terá consequências na economia real e nos resultados das empresas já neste trimestre e por pelo menos dois trimestres. Empresas multinacionais com operações em diversos países, mas especialmente na China, poderão ver a sua produção interrompida, e consequentemente serem incapazes de entregar produtos, ou seja, realizar vendas.

A diminuição do índice de actividade da indústria chinesa para apenas 26,5 pontos, um mínimo histórico, muito abaixo dos 50 que marcam o crescimento, foi talvez o catalisador para uma revisão em baixa do crescimento do PIB mundial em cerca de 0,5%.

Por outro lado, os Bancos Centrais uniram-se e, através de acções concertadas de redução de taxas de juro ou compra de activos, conseguiram estancar a queda dos mercados. O Banco Central do Japão já detém 80% de todos os ETF em circulação e a FED, numa reunião de emergência, cortou as taxas de juro em 0,5%, para apenas 1%-1,25%. Na Europa a margem de manobra do BCE será substancialmente menor, mas provavelmente teremos um reforço das compras de activos e suporte aos governos nacionais.

Não há duvida que este vírus teve e terá um impacto na forma como os investidores olham para os mercados, tendo servido para refrear os ânimos e a ganância que se sentia.

O impacto no crescimento mundial, esse, terá de ser acomodado pela ação dos bancos centrais, que são as únicas entidades que podem criar dinheiro e fingir ajudar a fingir que tudo está bem.