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Tempo: a nova fronteira da física e da finança

Acabo de ler na revista ‘Science&Vie’ de Janeiro, que o nascer do tempo foi visto numa experiência conseguida na Universidade de Heidelberg. Um tremendo sucesso da Física que, aparentemente, não tem nada que ver com as questões de dinheiro que habitualmente são faladas aqui, mas como verão… pode ter.

Tempo: a nova fronteira da física e da finança

Para os que não sabem, só o sistema monetário tem, tal como o universo, necessidade de estar permanentemente em expansão. O sistema de crédito tem que estar sempre em expansão para se poder pagar os juros.

Mas os cientistas de finança quântica dos bancos centrais (o equivalente dos físicos quânticos que estudam as partículas atómicas e subatómicas do universo) ao contrário destes, que estudam as micro partículas, só estudam a macro economia, preferindo generalizar evitando assim comprovar cientificamente na micro economia.

Muita gente tem dúvidas que a economia seja uma ciência, e por essa razão logicamente não deveriam ser considerados cientistas.

Mas os cientistas dos bancos centrais têm muitas similitudes com os físicos quânticos, senão vejamos:

  • Os cientistas de finança quântica dos bancos centrais não podem ser comparados aos economistas tradicionais, tal como os físicos clássicos não podem ser comparados aos físicos quânticos, porque estudam os aspetos que vão para além da gravidade ou da lei da inércia ou ainda a ação e reação.
  • Ao contrário, estes físicos quânticos, tal como os dos bancos centrais, são classificados como ‘não intuitivos’, ou seja, estudam determinadas coisas como verdadeiras mesmo quando aparentam não o ser. Por ser considerada não intuitiva, ficou considerada também como uma ‘falsa teoria’, mas ambos trabalham para provar que é verdadeira.

É pois muito estranho que se dê a exposição e o mediatismo que todos conhecemos a estes cientistas dos bancos centrais. Tendo em conta que são muito contestados pelos outros que se consideram verdadeiros cientistas, afirmando, inclusive, que o que fazem com a taxa de juro não é ciência, mas simples manipulação.

Ciência, segundo estes cientistas, é: ferver água ao nível do mar a uma temperatura igual a 100º e comprovar que se evapora, mas quanto maior for a altitude, mais rapidamente a água se evapora não precisando de chegar aos 100º porque a pressão é mais reduzida permitindo que as partículas da água fiquem mais afastadas e se evaporem mais facilmente. Isto é ciência, porque está cientificamente demonstrado.

Ao contrário do que dizem, não está demonstrado pelos cientistas dos bancos centrais que uma baixa da taxa de juro estimule a economia e a subida da taxa de juro tenha o efeito contrário, nem tão pouco sabemos a que nível a economia entra em ebulição, nem se os efeitos são os mesmos ao nível do mar ou em altitude.

A razão, segundo os físicos quânticos, prende-se com o facto de os bancos centrais tratarem a economia como um universo quando, na realidade, cada agregado é um universo em si com vontades e interesses específicos, e assim a economia ser composta por centenas de milhões de diferentes universos, ou seja, todos aqueles que contribuem para a economia.

Mas voltemos à experiência de Heidelberg que vem acrescentar mais conhecimento científico àquilo que já hoje se sabe sobre o universo. Com o ‘big bang’ (o início), passou a haver um passado, um presente e um futuro. Antes, o que havia, era um plasma denso e quente de quark-gluóns.

Em 1928, Eddington já tinha criado o conceito de ‘flecha do tempo’ que descreve o passar do tempo em uma direção graças à lei da termodinâmica. Agora, numa experiência efetuada com o arrefecimento dos átomos de rubídio com lasers, os físicos Jurgen Berges e Markus Obertheler provaram que o tempo existe, mas que a sua verdadeira natureza nos escapa, isto porque ele acontece à nossa escala mas parece desaparecer a nível microscópico.

Esta conclusão é, por isso, uma oportunidade importante para os cientistas dos bancos centrais alegarem que estudam finança quântica e poderem demonstrar cientificamente a validade da sua experiência nas taxas de juro negativas e da sua reversibilidade. A razão por que dizemos que esta é uma oportunidade única prende-se com o facto de, exceptuando a termodinâmica, só a taxa de juro permitir pensar o tempo como nenhuma outra teoria o faz.

A dívida pode ser emitida em dólares, euros ou yens, mas é sempre paga em tempo. É preciso tempo para ganhar o dinheiro necessário para pagar os juros e o capital em dívida. A taxa de juro é diferente se a dívida é paga numa semana ou em 30 anos.

É sempre o tempo que é o factor importante, não o dinheiro que é só uma consequência. Agora que a física quântica provou que o tempo existe, mas a sua natureza nos escapa, talvez a finança quântica possa demonstrar por que razão taxas de juro negativas não é o mesmo que reconhecer que o tempo pode andar para trás. Na termodinâmica está demonstrado que o equilíbrio térmico leva a que uma chávena a ferver de chá com o tempo acabará por atingir a temperatura ambiente, mas nunca poderá andar para trás voltando a ferver.

Esta é a razão por que o tempo é o tema deste artigo.

O principal cientista de finança quântica recentemente empossado é Christine Lagarde em substituição de Mario Draghi. Lagarde é uma cientista autodidata, jurista de formação e burocrata por vocação. A sua ciência como a de outros banqueiros centrais antes levou a que as economias estejam agora controladas, manipuladas e reguladas pelas autoridades. É a planificação central em versão capitalista, e tem aparentemente o seu controlo total.

Todas as leis da economia de mercado que regiam o universo parecem agora desprovidas da noção de reversibilidade que garante que a economia se possa desenrolar de um sentido para outro, e assim distinguir o passado do futuro. Nesta lei criada pelos bancos centrais, a assimetria é estranhamente reversível.

Como foi isso feito? Com um grupo de cientistas de finança quântica a definir de forma ‘científica’’ o custo do dinheiro. Este custo ‘cientificamente’ calculado é alegadamente mais correcto que o preço que seria encontrado pelas forças do mercado que intervêm na criação de riqueza.

Estes cientistas de finança quântica acreditam também que estão agora a fazer um trabalho mais científico que aquele feito pelos cientistas monetários soviéticos na sua versão comunista que levou à queda do muro de Berlim.

O modelo de ‘quantitative easing’ utilizado pelo BCE, apesar de ser apresentado como uma experiência equivalente à de um acelerador de partículas, mais não é, com os conhecimentos pouco científicos hoje existentes, que um esquema para aumentar a inflação na Europa.

A verdadeira natureza desta experiência que nos escapa e que faltará demonstrar, é por que razão a perda de poder de compra que se atinge com a inflação é um objectivo importante para os cidadãos da zona euro. Sendo que também não foi demonstrado por que razão a compra de dívida de países a preços superiores ao de mercado praticada pelos bancos centrais é a forma adequada de estimular o consumo.

Na Física, a gravidade não deixa de funcionar se deixarmos de acreditar na sua força, mas em espaços como no fundo do universo a matéria está num estado tão particular que as leis da termodinâmica parecem não funcionar. Talvez os bancos centrais com os seus cientistas quânticos consigam provar que os índices bolsistas podem subir só porque precisamos de ter mais dinheiro nas contas poupança reforma, e se isso for verdade está encontrada a verdadeira partícula de Deus.

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