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Investir na Bolsa: Como Foi 2020?

Há dias, fechámos um dos mais horríveis anos de que nos podemos recordar; em nome de uma “pandemia”, muitos negócios tradicionais, em particular os que actuam no sector do turismo, foram obrigados a fechar ou a operar sob fortes restrições, provocando um mar de falências e desemprego.

Para a maioria dos estados, podemos, desde já, afirmar que o ano 2020 será um annus horribilis para as contas públicas. Segundo o FMI, praticamente todos os países sofreram enormes rombos nas suas contas públicas.

Na Figura 1, podemos constatar que os EUA irão apresentar um dos maiores défices orçamentais da sua história: algo em torno a 19% do PIB.

Esta situação significa que os gastos públicos superam as receitas públicas em 4 biliões de USD (12 zeros) aproximadamente!

Figura 1

Portugal não será muito diferente.

Em termos reais, espera-se uma contracção da economia de 10% (Fonte: FMI). As contas públicas irão encerrar com um défice superior a 10% e a dívida pública irá seguramente superar os 270 mil milhões de Euros – a falência ainda não foi decretada, evitada in extremis pela milagrosa torneira do BCE.

Neste contexto, poder-se-ia esperar um ano de fortes quedas para o mercado em 2020; no entanto, tal expectativa não podia estar mais longe da verdade.

2020 ficará para a história como um dos melhores anos para os investidores em bolsa, em particular para aqueles que aplicaram as suas poupanças em empresas cotadas em bolsas de valores norte-americanas.

Para realizar um balanço de 2020, utilizei as empresas constituintes dos seguintes índices bolsistas: dos EUA, os índices NASDAQ 100, S&P 500 e DOW 30; da Europa, o índice EUROSTOXX 600, constituído por empresas de 16 países europeus, entre os quais Portugal; da Ásia, os índices CSI 300 (China Continental), HANG SENG 50 (Hong Kong) e NIKKEI 225 (Japão).

Como podemos observar na Figura 2, as empresas analisadas representam um universo de 1.678 empresas cotadas; no final de 2020, este conjunto representava 52,5 biliões de Euros de capitalização bolsista, algo em torno a 265 vezes o PIB português.

Figura 2

As empresas cotadas nos EUA, apesar de ser o grupo mais pequeno, constituído por 515 empresas, no final de 2020, representavam 54% da capitalização bolsista; além disso, a subida média das cotações foi de 11% em 2020 face a 2019; o mesmo aconteceu na Ásia, mas apenas 7%; no caso da Europa, ocorreu uma queda de 1%.

Como anteriormente indicado, a capitalização bolsista das 515 empresas cotadas em bolsas norte-americanas representava 28,6 biliões de Euros no final de 2020, mais de metade do total. A subida média das cotações das 515 empresas norte-americanas foi de 16,9% para 2020, um valor bastante elevado face ao número de empresas em questão (ver Figura 3).

Figura 3

As empresas cotadas na Dinamarca são o destaque deste grupo, atendendo que a subida média das cotações para as 22 empresas foi de 38%; no final de 2020, a sua capitalização bolsista era de 446 mil milhões de Euros, um valor superior ao dobro do PIB português.

Também importa referir a Suécia, com uma população de apenas 10 milhões de habitantes, tal como a portuguesa, as suas 61 empresas constituintes do índice EUROSTOXX 600 representavam uma capitalização bolsista de 700 mil milhões de Euros – 10 vezes o valor das cotadas portuguesas.

Atendendo ao desempenho das empresas dinamarquesas, vamos então conhecer as empresas que apresentaram as maiores subidas durante 2020.

Como podemos observar na Figura 4, temos 4 sectores representados, destacando-se as empresas do sector da saúde e da indústria.

Empresas como a Ambu, a Pandora e a Vestas obtiveram rendibilidades superiores a 100% – apenas se considera a subida do preço, sem atender aos dividendos.

Figura 4

A empresa com a segunda maior subida, a Pandora, actua no mercado de jóias e prataria; está numa tendência ascendente muito acentuada, tal como podemos constatar na Figura 5.

Até ao momento tem respeitado sempre esta linha de tendência, o que indica que esta situação se deverá manter em 2021.

Figura 5

Vamos agora analisar as maiores subidas das empresas norte-americanas constituintes dos índices S&P 500, NASDAQ 100 e DOW 30 – ver Figura 6.

Em 2020, existiram subidas vertiginosas das cotações – o mercado norte-americano voltou a surpreender tudo e todos, dado o número de empresas e o desempenho.

A Tesla, o famoso fabricante de carros eléctricos subiu mais de 740% em 2020!

Também importa destacar a empresa Peloton, que subiu 434%. Esta empresa produz aparelhos para treino físico ligados à Internet.

Também temos a Moderna, a farmacêutica fabricante da vacina Covid-19, com uma subida de 434%, e a Zoom, a produtora do software para videoconferências, com uma subida próxima de 400%!

Mais uma vez, destacam-se as empresas tecnológicas ou produtoras de bens através de novas tecnologias ou entrega através de canais digitais.

Figura 6

A Tesla iniciou uma tendência ascendente no início de 2020, desde então assistimos a duas consolidações de preço; no entanto, no final do ano, após uma consolidação, o preço voltou a uma tendência ascendente muito inclinada, algo pouco saudável, tal como podemos observar na Figura 7.

Figura 7

Outra análise interessante do ano 2020, resulta da desagregação do desempenho por sector.

Sem surpresa, o sector tecnológico foi a estrela do ano (ver Figura 8). Para um universo de 1 678 empresas, constituintes dos índices sobreditos, as empresas deste sector registaram uma subida média da sua cotação em 2020 de 26% aproximadamente.

Pela negativa, o sector da energia, muito castigado pela queda abismal do preço do Petróleo, que chegou a cotar em valores negativos.

Para termos uma ideia da sobrevalorização destas empresas,166 empresas possuem uma capitalização bolsista no final de 2020 de 10,4 biliões de Euros, enquanto que 251 empresas financeiras apenas 7,5 biliões.

A saúde foi outro sector em destaque, com uma subida média de 16,2%.

Figura 8

Se desagregarmos as empresas tecnológicas, em particular as que apresentaram o melhor desempenho em 2020, podemos constatar que praticamente todas estão cotadas em bolsas norte-americanas; apenas existindo duas empresas, uma da Suécia e outra na Dinamarca, que não são norte-americanas na lista das 10 maiores subidas (ver Figura 9).

Estas empresas asseguraram uma valorização mínima de 100% aproximadamente em 2020 aos seus investidores.

Figura 9

Em relação à Zoom, a primeira da lista, fabricante de um software para reuniões online, a sua cotação disparou no presente ano, com uma tendência ascendente durante 2020; no entanto, no final de 2020, ocorreu a ruptura desta tendência ascendente.

Assim, esta valorização surpreendente poderá estar em risco em 2021.

Figura 10

Outro dos destaques desta lista é a empresa sueca Sinch; proporciona serviços online de marketing e vendas às empresas através da “Cloud”.

Ao contrário da empresa Zoom, a tendência ascendente iniciada no final de 2019, tal como podemos constatar na Figura 11, mantém-se intacta, estando agora mais acentuada.

Ou seja, tudo indica que esta tendência é para continuar em 2021.

Figura 11

No que respeita às matérias-primas – ver Figura 12 – , podemos observar que existiram desempenhos muito díspares.

O Petróleo foi a grande surpresa do ano, pois chegou a cotar em valores negativos em 2020; o seu preço caiu quase 30% no ano transacto.

No sentido oposto, temos a subida de quase 100% da madeira. Tal subida deveu-se à procura por parte dos norte-americanos pela construção rápida de casas em áreas de densidade populacional reduzida, em virtude da necessidade de abandonar rapidamente os centros das cidades no contexto da “pandemia”.

Figura 12

Por fim, o mercado Forex. Na Figura 13, a verde temos as divisas que se depreciaram frente ao Euro. A vermelho, as divisas que se apreciaram contra o Euro.

O Euro apreciou-se frente ao Rublo Russo (RUB), em virtude da queda do preço do Petróleo.

As exportações de Petróleo deste país foram severamente afectadas, pelo que o valor da sua divisa sofreu uma forte queda.

O Euro também se apreciou frente ao USD, ajudando os países da Zona Euro a adquirir matérias-primas com um desconto de 9%, em virtude desta evolução cambial.

No entanto, frente ao Bitcoin e aos metais preciosos, o Euro sofreu importantes desvalorizações, com destaque para a conhecida Criptomoeda.

Figura 13

Em conclusão, as bolsas de valores e os mercados financeiros em geral, continuam a proporcionar rendibilidades muito superiores a um simples depósito a prazo num banco; actualmente, este tipo de aplicações nem a inflação logra acompanhar.

O ano 2020 será recordado com um dos melhores de sempre para as bolsas de valores, em particular para as empresas que beneficiaram com a “pandemia”: o sector tecnológico e da saúde.

Os mercados permitem investimentos em diversas categorias de activos, que todos os anos apresentam movimentos em sentido contrário e de amplitude distinta; de forma inexorável, torna-se o único local onde colocar as poupanças, já que os bancos comerciais deixaram de proporcionar qualquer resposta para o aforro das pessoas.

Antes de iniciar-se neste mundo, deverá frequentar um curso de bolsa para saber como investir na bolsa, atendendo que o sucesso exige uma formação intensiva prévia e um acompanhamento dos mercados permanente.

2020, já está para trás e foi fantástico. Como será 2021?

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