Quando abordamos o tema dos índices bolsistas, inevitavelmente, somos obrigados a falar sobre Charles Dow, o responsável pela criação do primeiro índice bolsista do mundo: o DOW JONES INDUSTRIAL AVERAGE.
Em 1882, quando Charles Dow trabalhava para o jornal Wall Street Financial News Bureau, o então director dessa publicação solicitou-lhe ajuda para a contratação de um jornalista. A sua selecção recaiu em Edward Davis Jones.
Em 1893, os dois fundaram a agência noticiosa Dow, Jones & Company que iniciou a publicação de um sumário de duas páginas sobre notícias financeiras, onde também aparecia o índice Dow Jones Stock Average, composto, na altura, por 9 companhias ferroviárias, 1 empresa de correios e uma empresa marítima. Tal índice permitia aos leitores acompanhar de forma agregada a evolução do mercado americano.
Em 1889, através da empresa Dow, Jones & Company, fundaram o ainda existente e mundialmente reconhecido Wall Street Journal. Em 1896, iniciaram a publicação do primeiro e um dos mais importantes índices mundiais: o Dow Jones Industrial Average (DOW 30). No seu arranque, o índice era constituído por apenas 12 empresas, actualmente 30, tendo-se tornado de imediato popular para os leitores de notícias financeiras.
A forma de cálculo do índice era muito simples: somavam-se as cotações das 12 empresas e dividia-se por 12. O primeiro preço foi de 40,94, muito distante dos actuais 26 536,82 pontos (cotação a 26 de Junho de 2019). A metodologia deste índice designa-se por: Ponderado pelo Preço; no entanto, existem índices com outras metodologias.
Desta forma, podíamos construir um índice tipo DOW 30, somando os preços (12,1 + 8,1 + 5,9) ÷ 3, iniciando o índice com 8,7 pontos, aplicando a metodologia Ponderação Preço. Neste caso, a empresa mais importante do índice seria a empresa XYZ, pois trata-se da empresa com o preço mais elevado.
Se desejássemos construir um índice tipo S&P 500, em lugar de somar os preços, teríamos de somar as capitalizações bolsistas (preço multiplicado pelo número de títulos). Assim, o índice iria começar em 46 pontos (12 100 + 16 200 + 17 700 = 46 000), assumindo que 1000 euros correspondem a 1 ponto.
Neste caso, a empresa com o maior impacto é a empresa EFD, dado que possui a maior capitalização bolsista (17 700). A título ilustrativo, a empresa Apple tinha um peso de cerca de 10% no índice NASDAQ 100 no dia 27 de Junho, ou seja, a sua capitalização bolsista representava 10% da capitalização de todo o índice.
A terceira metodologia, evolução do preço, é implementada através da média das rendibilidades. No nosso exemplo, no período 1, a cotação da empresa ABC subiu 17% (9,5÷8,1 -1), enquanto que a XYX subiu 11% e a EFD 22%. Assim, a média das rendibilidades foi de 17%. Assim, o índice iria subir de 100 para 117%.
Por outro lado, importa analisar o impacto dos eventos empresariais na cotação de uma dada empresa e, claro está, no valor do índice. Vamos supor que a empresa XYZ pagou um dividendo de 1 euro no final do periodo 3, nesse caso, a sua cotação seroa 11,4 em lugar de 10,4.
A maior parte dos índices mundiais não corrige estas situações, pelo que o pagamento de dividendos faz cair “artificialmente” o valor dos índices. Caso o índice corrija esta situação, designamo-lo por Total Return. Caso aplicássemos esta correcção, os valores para os três métodos seriam distintos no final do período 3, tal como detalhado seguidamente:
o Capitalização bolsista XYZ: 11 400
o Total da capitalização bolsista: 58 900
o Valor do índice: 58,9 pontos
o Preço XYZ: 11,4
o Preço médio: 10,2 (11,4 + 9,8 + 9,3)
o Valor do índice: 10,2 pontos
o Evolução do preço XYZ: -15%
o Média das rendibilidades: 6 (-15 + 3 +29) ÷ 3
o Valor do índice: 122,4 pontos
O DAX 30, o principal índice alemão é um exemplo de um índice Total Return que pondera as empresas constituintes de acordo com a capitalização bolsista.
Por último, importa comentar a revolução que os contratos de futuros trouxeram à negociação de índices. Em 1982, a bolsa de futuros Chicago Mercantile Exchange, ou CME com sede em Chicago nos Estados Unidos, lançou um contrato Futuro em que o activo subjacente era o índice S&P 500.
Porque representou uma revolução? Até esse momento, os índices apenas serviam para medir o desempenho de um determinado mercado financeiro, tendo em conta um conjunto de empresas constituintes do mesmo.
Se um determinado investidor quisesse replicar o índice era obrigado a comprar todas as acções do mesmo, assignando o seu investimento de acordo com a ponderação do índice. Ou seja, nunca podia negociar directamente o índice.
Com o advento dos contratos de Futuros tal limitação cessou de existir, passando a ser mais uma classe de activos em que se pode investir e passou ao mesmo tempo a ser um instrumento de protecção.
DIF BROKER. Há 20 anos a investir em si.