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Futurologia para Disléxicos

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Envelhecer tem vantagens. Deixamos de ver ao perto, mas passamos a ver as idiotices ao longe. Um ano depois do início oficial da pandemia, cortou-se com a identidade e tradições do mundo do nosso anterior normal e criámos uma nova forma de trabalhar, de viver e de ir à escola, que fez baixar o preço das casas nas grandes cidades e subir as do interior.

Este novo mundo criou duas classes: uma de pessoas que podem sair das cidades, em busca de uma melhor qualidade de vida, a mais baixo custo em teletrabalho, e outra que vive de subsídios, caridade e do banco alimentar, porque foi proibida de trabalhar.

Politicamente, este novo mundo tem um formato muito mais autoritário.

Viver, requer, do meu ponto de vista, uma avaliação permanente do mundo em que vivemos. Só assim é possível assumir os riscos do nosso posicionamento, mas, para isso, é necessário ter uma ideia daquilo que pode vir a ser esse mesmo mundo.

Neste momento, parece indiscutível que tudo mudou, e que a economia não voltará a ser como dantes, mas como será esse futuro alterado?

Garantido é que o mundo se tornou muito mais imprevisível, mas, na base, a sua essência é a mesma: dinheiro e poder estão à cabeça e em permanente mutação.

Em Abril do ano passado, o preço do petróleo atingia os 40 dólares negativos, uma anormalidade, é certo, mas podia-se comprar um barril de petróleo e receber 40 dólares. Hoje, o mesmo barril, menos de um ano depois, custa 60 USD e o preço da gasolina não pára de subir.

Em 2019, Portugal apresentava o seu primeiro orçamento com saldo positivo desde 1973; em 2020, o maior défice da sua história!

A mais óbvia conclusão a tirar é que teremos mais Estado nos anos mais próximos, com o pretexto de estabilizar a economia. Para agravar, a grande maioria das pessoas acredita que o Estado é a melhor solução nestas circunstâncias. As pessoas no topo da hierarquia também acreditam e acham-se no direito de controlar todos os aspectos das nossas vidas, incluindo a nossa liberdade de circulação.

Em resultado deste poder, teremos um mais acentuado declínio social, porque essas mesmas pessoas estarão obrigadas a depender do crédito e de subsídios, pelo que para desviar a atenção, os temas importantes estarão associados a ‘slogans’ partidários da moda: discriminação das pessoas transgénero, defesa da orientação sexual, sustentabilidade, alterações climáticas, equidade.

Estes e outros ‘slogans’, como o ESG, passarão a ser os novos mantras, mais importantes que os direitos constitucionais.

Algo que não vai mudar no futuro é que teremos um grupo de pessoas que vai liderar e uma grande maioria que vai seguir essa liderança.

Esta pandemia confirma que os seguidores não vão transformar-se em líderes, a sua principal preocupação será voltar a interagir socialmente.

Independentemente desta necessidade de interagir, o trabalho remoto vai tornar-se no “Novo Normal”, tal já é visível nos Estados Unidos, onde as grandes empresas como o Facebook ou a Microsoft, entre outras, já têm contratualizado o trabalho de casa com a grande maioria dos seus colaboradores.

A Biogen e a Goldman Sachs oferecem acesso a energias alternativas para uso residencial aos seus colaboradores; a BP encurtou o trabalho semanal nos escritórios em dois dias.

Esta vai ser uma alteração social gigantesca, porque as pessoas e as empresas perceberam que não estão mais limitadas geograficamente. Isso terá implicações no arrendamento de escritórios, que deverão sofrer uma diminuição de espaço utilizado, em virtude da menor contratação de pessoas, que deixam de estar limitadas geograficamente.

A chegada da Internet 5G irá ajudar a acentuar esta tendência. O impacto do 5G será equivalente ao da chegada da Internet no final dos anos 90: não é um simples ‘upgrade’, como muita gente pode pensar.

Para se ter uma ideia, enquanto agora se espera 5 ou 6 minutos para descarregar um filme em 4G, com a 5G, isso far-se-á em 3 segundos; o mesmo que comparar um cavalo com um carro de corrida.

Por falar de carros, é ainda esta tecnologia que vai permitir os carros com condução autónoma e com isso as entregas ao domicílio em veículos não tripulados da Amazon ou da Fedex, ou de outras entidades que queiram concorrer nesta área, graças à Internet 5G.

A Telemedicina iniciada com esta pandemia será outro sector impulsionado pela tecnologia 5G e, finalmente, a inteligência artificial (AI) vai ter, graças à 5G, o impulso que fará catapultar a robótica; um enorme impacto no mercado de trabalho.

Na área financeira, por exemplo, a automatização será total a todos os níveis dos processos, o que implicará um relacionamento totalmente impessoal.

O contacto com o seu banco ou a sua corretora não será feito através de um funcionário, mas de um ‘software’ robotizado, que lhe dará todas as respostas que tenham sido introduzidas na sua inteligência artificial e com ela irá crescendo em conhecimento. Tudo o que é repetitivo vai ser robotizado.

A intervenção de humanos será feita a partir de casa e provavelmente fora das cidades, gerando aparentemente o mesmo valor.

Os trabalhos tecnológicos serão mais competitivos porque a contratação passa a ser mundial, é mais fácil e mais eficiente graças às conferências ‘’zoom’’ e, eventualmente, numa primeira fase, mais barato. Isso fará com que poucas empresas possam manter as mesmas estruturas físicas que tinham antigamente, mesmo que a custo mais reduzido.

Em termos tecnológicos, iremos viver provavelmente o momento mais fantástico das nossas vidas, o progresso tecnológico vai ser exponencial. Em termos sociais, vamos precisar de anos de adaptação. Para o bem ou para o mal quase tudo vai ser adquirido ‘online’.

De acordo com a consultora Yelp, 60% dos pequenos negócios fechados na pandemia não terão possibilidades de reabrir nesta nova realidade, das lojas de roupa até às farmácias, provavelmente.

As cidades irão ter que repensar os seus orçamentos e as suas taxas, com menos comércio e menos construção, com a deslocalização de pessoas e empresas. Porquê ter uma empresa em Lisboa, se os colaboradores podem trabalhar de casa e o dono da empresa pode viver em Viana do Alentejo.

A Goldman Sachs acaba de deslocalizar o seu departamento de gestão de activos de Nova Iorque para a Flórida.

A política dos estados de privilegiar a concentração e as ‘Auto Europas’ terá que sofrer alterações, porque também se concentraram as receitas, actuando desse modo e, com isso, o risco económico e social.

Por enquanto, vai continuar a haver dois tipos de pessoas, aquelas que controlam o sistema e aquelas que são controladas pelo sistema.

Os que controlam o sistema são os políticos e os burocratas, os especialistas de saúde, os especialistas da justiça, os consultores, são eles que definem as regras e estão imunes a qualquer problema, nenhum deles será despedido e, na maioria das vezes, nem têm que cumprir as regras que eles próprios impuseram aos demais.

Os que são controlados pelo sistema são todos os outros. Por exemplo, nos Estados Unidos entre os outros que a pandemia liquidou estão as seguintes grandes marcas de retalho: JC Penny, Lord&Taylor, Pier1, J Crew, Neiman Marcus, GNC, Brooks Brothers, Men’s Warehouse, mandando muitos milhares de trabalhadores para o desemprego.

A imprensa passou a viver de subsídios, mas as audiências estão a perder-se. O modelo de comunicação actual está em coma e ligado à máquina (do Estado), mas ainda ninguém alertou os accionistas que a única decisão a tomar é quando irão desligar a tomada.

No entretanto, vai continuar a expressar opiniões uniformizadas e aqueles que expressarem opiniões contrárias vão continuar a ser promotores de teorias da conspiração.

As marcas que sobreviverem, será pela sua credibilidade, mas terão que lutar diariamente pela manutenção da mesma e pelo constante factor diferenciador, porque tudo pode ser replicado com tecnologia, excepto o prestígio.

Vai ser necessário ver oportunidades, reconhecendo os riscos, porque nem tudo é negativo. Esta pandemia com confinamentos sem fim criou condições de luxo para a circulação nas cidades.

As pessoas que disso beneficiaram, ficaram mais receptivas a uma vida mais saudável e mais natural e haverá mais tempo para o exercício e a meditação, pelo que esse grupo passará a olhar mais para si e a investir mais no seu Eu interior e em tudo o que possa ajudar esse propósito. Novas actividades profissionais terão neste grupo de pessoas um mercado em expansão.

E sobre os mercados? O que se pode esperar no futuro?

Aqui não vai haver surpresas. Os novos investidores farão ganhos substanciais enquanto o mercado subir. Com essa confiança adquirida irão colocar mais dinheiro no mercado, provavelmente pedindo dinheiro emprestado para isso. Depois, o mercado terá uma má semana e justamente os títulos destes investidores parecem ser os únicos a desvalorizar.

Depois de hesitarem, se devem aproveitar os preços baixos ou venderem, acabarão por perder mais dinheiro na descida do que ganharam na subida, porque no mercado, tal como na vida, é importante ter um plano, que é aquilo que ninguém quer. Nenhum destes novos investidores quer ser estudioso do mercado, aquilo que pretende é só ganhar dinheiro e de preferência fácil.

Evidentemente que este artigo faz futurologia para disléxicos, porque como toda a gente sabe, o futuro é do domínio do desconhecido e só a Deus pertence.

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