O que são futuros? Um contrato de futuros é um acordo feito hoje para comprar ou vender no futuro, a um preço predeterminado; podendo ser negociado qualquer activo, tal como futuros dow jones e futuros nasdaq.
Apesar de muito diabolizados, os contratos futuros estão presentes no nosso dia-a-dia, sem que ninguém esteja preocupado com isso ou se dê conta.
Quando o leitor decide comprar um carro e o concessionário diz que não tem carros para entrega, aquilo que está a fazer, se for adiante com a compra, é um contrato de futuros.
Para si, que é comprador, está a garantir o preço de aquisição, independentemente de o carro só chegar 3 meses depois; o vendedor está a garantir uma venda.
Se o preço subir, o problema não é seu, porque o contrato garante o preço acordado; se o preço do carro desce, também não é problema, porque a sua intenção era mesmo comprar o carro e para isso estava disponível para o fazer ao preço acordado.
Como pode ver, no exemplo sobredito, os contratos futuros, apesar da fama de serem muito perigosos e de alto risco, neste exemplo, não o parecem ser; se isso fosse verdade, qual a razão para a compra de um produto de consumo para entrega futura?
Será assim uma decisão tão especulativa e perigosa fazer um contrato com um concessionário? Não; obviamente não é.
O leitor queria um carro e o concessionário não tinha para entrega, assim, em lugar de assumir o risco de esperar 3 meses e ter que eventualmente comprar o carro a um preço mais elevado, fez um contrato futuro e eliminou esse risco.
Um dos elementos mais importantes no mercado de futuros é que as partes tenham interesses opostos. Neste caso, o comprador tem medo que os preços subam e o vendedor que desçam. Ambos desejam eliminar esse risco.
Assumindo que o carro é japonês, neste nosso exemplo, o concessionário, depois de assegurar a venda do carro, tem que o pedir ao Japão e pagá-lo em Ienes.
Qualquer perda que tenha no futuro não o afecta matematicamente, já que vendeu o carro ao preço acordado, mas terá de o fazer nesse preciso momento, caso contrário, irá assumir o risco de câmbio do Iene/Euro (JPY/EUR); ou seja, corre o risco de uma depreciação do EUR frente ao JPY – na prática, será necessário mais Euros para adquirir os Ienes solicitados pelo exportador japonês de automóveis.
Ao contrário do mercado de acções, quando estas sobem todos os investidores se beneficiam, no mercado de futuros para que uns ganhem outros têm que perder e, por isso, diz-se que é um mercado de soma zero.
Este é talvez o mercado mais puro e primitivo na sua simplicidade, e não poderia ser de outra forma, porque a sua base é muito antiga e o seu modelo não foi complicado pelo homem.
O mercado de opções já é mais complicado, porque, independentemente de se estar certo ou errado, é preciso estar certo no período de tempo indicado, não servindo de nada estar certo fora do tempo.
O primeiro registo de contratos futuros data do código Hammurabi do rei com o mesmo nome, que foi o sexto rei da Babilónia e que criou em 1750 antes de Cristo esse famoso código com 282 regras, uma das quais autorizava as pessoas a venderem bens a um preço acordado para data futura.
O primeiro mercado organizado de futuros data de 1710 depois de Cristo (mais de 3000 anos depois) e foi criado em Osaka para se negociar arroz.
100 anos depois, deu-se início ao famoso mercado de Chicago para negociar cereais. Foi aqui que os contratos futuros evoluíram para aquilo que se conhece hoje, quando produtores e distribuidores começaram a negociar contratos futuros de cereais e, no meio, começaram a aparecer indivíduos que não tinham que ver nem com os produtores nem com os distribuidores, mas que compravam e vendiam também esses contratos.
Essas pessoas eram os especuladores, pessoas que entendiam ter um conhecimento específico sobre algum dado que lhes permitia ter o conforto necessário para arriscar comprar ou vender entre os produtores e os distribuidores.
Hoje, no mercado de futuros, a grande maioria dos intervenientes são especuladores que todos os dias testam o princípio de Peter, ou seja, que tomam mais e mais risco, até que o problema os eleve ao nível de incompetentes.