Loading...

Blog

ONDE FALAMOS DE BOLSA
Home / Blog

Bazuca Europeia: A Panaceia Universal

  • Bazuca Europeia: A Panaceia Universal

Viver a vida como a decidimos viver é aquilo que nos define como pessoas e nos faz ser o que somos.

As asneiras, os divórcios, as perdas, os erros: tudo isto, e muito mais, ajuda a moldar o nosso carácter. Não existe evolução sem despique, nem crescimento sem erro.

Todos sabemos isso. Todos sabemos que o sofrimento na adversidade é inevitável na vida de qualquer um; todos sabemos que essa adversidade é benéfica por muito paradoxal possa parecer, porque nos permite corrigir o erro, alterar o comportamento, sermos melhores.

Um analecto Taoista, já aqui referido anteriormente, é um bom exemplo da necessidade de manter o equilíbrio perante certezas.

A história menciona um agricultor, a quem um dia o seu cavalo de trabalho fugiu. Os vizinhos logo apareceram, lamentando a pouca sorte do agricultor que perdera o seu cavalo.

O agricultor respondeu-lhes: talvez. Passados dois dias, o seu cavalo voltou, e com ele vinham duas éguas selvagens. Os vizinhos logo apareceram para lhe dizer que deveria agradecer à sorte, já que o seu cavalo voltara, e logo com duas éguas.

O agricultor limitou-se a responder-lhes: talvez.

Na semana seguinte, o seu filho, tentando desbastar uma das éguas, caiu do cavalo e partiu uma perna. Os vizinhos, uma vez mais, acorreram para o ajudar e disseram: que azar! Agora, o seu filho não vai poder ajudá-lo. O agricultor limitou-se a responder: talvez.

Um mês decorreu, e um grupo de militares que passava pela aldeia, para o habitual escrutínio de recrutamento de todos os jovens aptos para a guerra, ao entrar na casa do nosso agricultor, dispensou o filho, porque, com a perna partida, não seria de nenhuma utilidade.

Logo a aldeia se felicitou com a dispensa e lhe disseram: que sorte! Pode ficar com o seu filho. O agricultor, como já era habitua, respondeu-lhes: talvez.

Este analecto, demonstra claramente quão relativos são os factos que afectam a nossa vida, e que mais não fazem do que preparar-nos para a próxima adversidade.

O que não parece lógico é esta actual procura constante dos governos em uniformizar padrões, perpetuar sistemas e, agora, eliminar o sofrimento, como se tivesse sempre um selo de garantia.

Tal como o agricultor, dá vontade de dizer: talvez.

Este selo de garantia do estado tem por base “a ciência”, mas existem 2 tipos de ciência: aquela que está testada e comprovada, como ferver água a 100 graus ao nível do mar, resultar em que ela se evapore; e a outra ciência, a evolutiva, como, por exemplo, a do nosso prémio Nobel Egas Moniz, inventor da lobotomia, e cuja aplicação é hoje considerada como um dos episódios mais bárbaros da historia da psiquiatria.

Não sou por isso talibã nas questões de ciência e aceito perfeitamente que cada um acredite no que quer acreditar, mas já tenho dificuldade em acreditar na narrativa da liberdade, quando um presidente dos Estados Unidos, em exercício, é impedido de comunicar pelos monopólios privados que controlam a informação.

A previsão de Orwell, já não parece estar longe: “Guerra é Paz; Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”.

Ao contrário de outros que gostam de criticar, o meu interesse está em observar e estruturar essas observações.

Estas limitações à liberdade não acontecem de repente: são um processo.

O início deste processo deu-se com o gradual enfraquecimento da imprensa, o resultado de fusões, até estar concentrada num pequeno grupos sem opinião própria e ultrapassada pelas redes sociais.

Hoje, o poder da informação está nas redes sociais, com as suas próprias regras, como ficou bem patente com o bloqueio feito ao presidente dos Estados Unidos, independentemente de este ter jurado defender a constituição dos EUA.

A narrativa é agora controlada pelos gigantes tecnológicos. A liberdade de expressão é aceite, mas só se estiver de acordo com a tendência da moda e a tirania da maioria.

As questões de violência, desigualdade, racismo, alterações climáticas, são as tendências debatidas, os algoritmos encarregar-se-ão de fazer o resto.

O problema neste caso, como em outros da economia, parece estar na concentração; havendo concentração, existe limitação de acesso a novos intervenientes, e com a limitação de acesso, existe primeiramente menos liberdade e depois menos concorrência e depois menos serviço e, finalmente, um preço mais elevado.

Essa é a tendência do século: a Amazon tomou conta do retalho; a Netflix da indústria do filme; o Google dos dados, a Uber dos táxis; a Apple da musica, e por aí fora; é só pensar no sector e iremos encontrar o dono do mesmo.

Este é o resultado da digitalização da sociedade em que vivemos, esta é a versão digital da criação destrutiva de que falava o economista austríaco: Joseph Schumpeter.

Com a Covid-19, tudo na economia e na nossa realidade está a mudar ainda mais rapidamente, mas não se iluda quem pensa que a responsabilidade é só do vírus; tudo já estava em mudança, o que aumentou foi a velocidade.

Todos os problemas que parecem afligir a sociedade são matéria de debate político nas redes sociais, sem se perceber quem lidera a agenda: se são as redes sociais que a impõem ou a mesma tem eco nas redes sociais.

A bem da verdade, existe uma espécie de “dissonância cognitiva”, que se expressa pelo facto de o cérebro nos dizer uma coisa e os olhos verem outra.

O problema que nos aflige a todos não é discutido, nem com conhecimento nem com objectividade, e esse problema é essencialmente um problema de dinheiro, não na perspectiva da “bazuca” ou da solidariedade europeia, veiculada como sound byte, mas na sua realidade mais intrínseca que é a sua moralidade e a sua honestidade.

Sem esta discussão, e enquanto só estivermos preocupados com a “bazuca”, poderemos estar perto também de ver os bancos imporem uma justiça social: escrutinando as redes sociais dos seus clientes, para avaliar se o acesso à conta deverá ser vedado ou para atribuir uma pontuação de crédito social.

Caro leitor, eu sei que está a fazer uma cara de surpresa a uma tal eventualidade; de os bancos imporem uma justiça social, mas não vejo razões para tal.

Ficou surpreendido quando lhe disseram que as alterações climáticas já são uma das preocupações principais do banco central europeu? Não ficou, pois não; já pensou por que razão o banco central tem esta preocupação?

Dissonância cognitiva, ou conflito entre opiniões incompatíveis, parece ser o problema, mas um problema maior parece ser ninguém querer saber a verdadeira origem do problema.

Será que atingimos o ápice da nossa inteligência colectiva? É possível que a inteligência tenha, à semelhança de tudo o resto, uma curva de Bell os coeficientes de inteligência comecem a regredir.

Será possível que com tanta informação, tantos “influencers”, as pessoas tenham perdido a capacidade de pensar?

Alguns estudos realizados na Noruega, Dinamarca e Reino Unido parecem confirmar tal tendência, de acordo com um artigo da revista norte-americana Forbes.

Ao ver um episódio da série Boston Legal, no decorrer de uma alegação final, um advogado citou o pastor Martin Niemoller (1892-1984) dizendo:

Primeiro levaram os comunistas, mas não falei, por não ser comunista; depois, perseguiram os judeus, nada disse então, por não ser judeu; em seguida, castigaram os sindicalistas, decidi não falar, porque não sou sindicalista; mais tarde, foi a vez dos católicos: também me calei, por ser protestante. Então, um dia, vieram buscar-me. Nessa altura, já não restava nenhuma voz, que, em meu nome, se fizesse ouvir.”

Dei por mim a pensar nas similitudes devidamente ajustadas à nossa época; primeiro, foram atrás dos pequenos empresários, criando uma burocracia impossível, depois aviltaram os “privados”, criando um estigma sobre essa classe, como se fossem responsáveis de tudo de mal que o mundo tem, finalmente, introduziram o estado em quase todos os processos da nossa vida, em que já nada se faz sem a anuência do estado, do seu aconselhamento, da sua supervisão.

Fiquei incomodado, e pensei o que teria feito se tivesse vivido na Alemanha em 1933? Teria abandonado o país?

Se decidisse fazê-lo, em que momento teria tomado essa decisão? Qual teria sido o motivo que me obrigaria a fazê-lo? Quando os nazis tomaram o poder? Quando decidiram suspender as liberdades garantidas pela constituição? Quando começam a prender os comunistas? Quando criam o primeiro campo de concentração? Depois da famosa noite de Cristal, em que invadiram e destruíram lojas e sinagogas com o apoio do povo?

Quando tudo aquilo que conhecemos como referência se desmorona à nossa volta, o que se faz? O que se faz num mundo que suspende as liberdades garantidas pela constituição? O que se faz quando se pretende criar campos de detenção para quem viole as orientações?

Não consegui, em consciência, encontrar uma resposta. Ao procurar situações, em que o imaginário me colocasse nesse momento, dou por mim a reconhecer que o cérebro procura sempre encontrar razões que justifiquem a inacção.

A crise pandémica que vivemos actualmente também afecta os sentimentos.

Faz 12 meses que ouvimos falar de mortos e infectados e esses números influem o sentimento e afectam a racionalidade. Será que faz sentido criar este medo generalizado?

Se alguém começar uma contagem diária dos negócios em falência, dos negócios fechados, com dinheiro para 30 dias apenas; do número de pessoas que foram hoje para o desemprego, daquelas que não têm direito a subsídio; as que deixaram de pagar renda de casa; as que deixaram de pagar o empréstimo; tudo isto, calculado diariamente, tal como a Covid-19, então é que vai ser um susto.

A guerra do Vietname foi perdida na televisão norte-americana, com a transmissão de mortes ao vivo no jornal das 8. A lição foi suficientemente importante, para que nas duas guerras do Golfo todas as mortes fossem filtradas pelo Estado-maior e comunicadas de modo muito parco e selectivo.

Na “guerra” actual, com as nossas linhas da frente tão aterrorizadas quanto a população em geral, não faria mais sentido discutir um novo tipo de medicina, um novo tipo de hospitais, um novo tipo de assistência a idosos, de modo a garantir que o futuro seja totalmente diferente; com uma DGS a actuar de forma discreta, sistemática, regular, com bom senso e precaução, dando confiança à população, em vez de mediática, criando desconfiança e medo.

Infelizmente, isto ainda irá piorar mais antes de melhorar!

Veja também: