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Depois de Futurologia para Disléxicos, As Observações De Um Disléxico

Posso estar enganado, mas não creio estar confundido. Tal como sei que não é possível pedir emprestado mais do que aquilo que se pode pagar numa vida; tal como sei que as desigualdades gritantes são factores socialmente desestabilizadores, apesar de poder estar enganado, não estou confundido, e, por isso, sei que a candidatura de Carlos Moedas não vai trazer nada de novo à cidade de Lisboa.

No momento em que os negócios estão enterrados em burocracia, em que as pessoas são tratadas como criminosas e as decisões económicas não são mais vistas no interesse das empresas, seria importante ter alguém com pensamento clarividente; a primeira ideia que Carlos Moedas nos transmite é de que precisa de preparar a cidade para… a próxima pandemia!

Dizem-nos que o candidato abandonou um lugar confortável na Fundação Gulbenkian, como administrador, para defender ideias na causa pública; a pergunta que me coloco é: Porquê? Por questões de poder, fama, estatuto?

A imprensa já está maravilhada com a possibilidade de um novo El Rey D. Sebastião; nós somos mais cépticos, porque aquilo que não fazia sentido antes, continua a não fazer sentido agora, apesar de que com o tempo aprendermos a viver com novas realidades.

É possível que o candidato queira também pagar às pessoas para não trabalhar e que se prepare para fechar os pequenos negócios da capital, sempre que houver uma coisa similar, como aquela que estamos a viver?

Convém recordar que aquilo que estamos a viver foi decretado como sendo uma pandemia, mas, felizmente para todos, com um instinto homicida moderado, tal não tem sentido: tendo em conta que a população mundial neste último ano não diminuiu, bem pelo contrário, aumentou em 81 milhões de pessoas!

Por oposição, a gripe espanhola há 102 anos matou uma em cada 5 pessoas da população global. Esta sim, uma verdadeira pandemia. Em 430 AC, uma outra pandemia matou um quarto da população mundial e a peste negra entre 1347 e 1351 matou metade da população de Paris.

A actual pandemia, felizmente, tem uma taxa de mortalidade de 0,05% e incide essencialmente na população mais velha com múltiplas morbidades; reparem que para perpetuar a ideia de calamidade pública, as autoridades perseguem os cidadãos com multas, imposições e restrições; numa verdadeira pandemia, nenhum cidadão necessita de ser perseguido para se manter alerta.

Estando a preparar-se para a próxima pandemia, fico com a convicção que o candidato Carlos Moedas não deixará escapar nenhuma calamidade que não tenha a intenção de a piorar com a sua boa vontade.

Não consigo evitar a minha visão de mercados e pensar que se o candidato fosse um título cotado, ao querer cavalgar a febre do vírus, depois de 12 meses em que não se fala de outra coisa, eu estaria a posicionar-me curto neste título, porque já está sobre comprado e já terá poucos novos compradores.

Dizem os jornais que passou pelo Goldman Sachs, mas certamente que não pela área de mercados, porque senão saberia que quando a notícia é capa de jornal, o título deve ser vendido.

A ideologia política do século XXI parece estar focada na centralização e no controlo de todas as actividades, a todos os níveis, com a inerente destruição dos sinais que dão origem aos preços.

Que outra razão haveria para querer perpetuar este tema do vírus nos próximos quatro anos se fosse eleito?

Compreender o significado desta alteração política e como pode afectar a actividade económica parece-nos fundamental, porque a narrativa política incide agora sobre grandes temas como a pandemia, as alterações climáticas e o novel ESG (Environmental, social and corporate governance), um conjunto de práticas ambientais, sociais e de governo, que vai servir de guião para os futuros investimentos, ou seja, que vai decidir para onde o dinheiro vai ser canalizado.

Esta narrativa política só é possível porque houve uma silenciosa revolução monetária nos últimos 10 anos, avalizada pelos bancos centrais dos países ocidentais, narrativa que é inversamente proporcional à capacidade de leitura e de escrita que as redes sociais nos nossos telefones permitem e, porque não dizer, até à nossa capacidade de pensar nesta nova realidade.

Todos conhecem o ditado popular que diz que quem não tem dinheiro não pode ter vícios. Ora, tudo o que está a acontecer, na forma em que está a acontecer, só é possível porque os empréstimos que têm permitido manter as pessoas em casa, estão a ser pagos com dinheiro criado pelos bancos centrais.

O impacto desta situação não é negligenciável, porque tem permitido aos governos pagar o seu endividamento a taxas mais baixas e substituir a dívida pública antiga por nova a taxas insignificantes, quando comparadas com aquelas que se praticavam há 10 anos.

Esta alteração de política monetária penaliza os aforradores e beneficia os devedores, mas, sobretudo, beneficia os estados endividados, porque permite manter as promessas sociais, sem ter que aumentar por agora os impostos, tendo em conta que não conseguem aumentar o crescimento económico.

É sabido que os candidatos a Lisboa são pré-candidatos a primeiros-ministros, pelo que ficaria bem a um candidato com pretensões, transmitir a sua visão sobre matéria tão importante.

Vai a Câmara Municipal de Lisboa seguir a tendência actual de aumentar o endividamento para aproveitar o nível irrisório das taxas de juro, ou vai aproveitar o momento para reestruturar a dívida e preparar a cidade para ter menos endividamento no futuro, preparar Lisboa para ser uma cidade livre que lidera pelo exemplo?

Afinal de contas, estas são as matérias mais importantes, porque não existem programas camarários inovadores, o que existe são impostos que subsidiam todos os programas, ou então dívida que depois se repercute nos impostos.

Assim, seria importante saber o pensamento do candidato relativamente a esta questão do financiamento da câmara e não tanto como preparar a próxima pandemia.

Todas as eleições e todas as promessas têm o seu momento de verdade, graças ao dinheiro que circula nas tubagens desta engrenagem económica e financeira que é a nossa sociedade. Infelizmente, a grande maioria está desatenta com esse facto.

No entanto, quem estiver mais atento ao dinheiro perceberá que em 2008 houve uma revolução financeira, com os governos a decidirem salvar os bancos com o apoio dos bancos centrais, e com a pandemia foram os bancos centrais que decidiram reforçar o poder dos governos, permitindo a narrativa do medo que somos obrigados a ouvir e a ver.

Em causa neste momento está o direito ao trabalho, o direito a viver livres, o direito a viajar, o direito à nossa existência e dos nossos filhos. 

É verdade que ao longo da vida as expectativas sobre as pessoas foram sempre demasiado altas e, com raras excepções, essa é a razão porque me sinto decepcionado, é a visão de um disléxico.

Que garantias existem que estas quarentenas não se irão repetir regularmente com Carlos Moedas? Para além da destruição de vidas, de negócios e postos de trabalho, os confinamentos destroem tempo.

Cada dia que se passa em confinamento é um dia que não se recuperará mais, o único que se poderia ter aproveitado. 

O candidato Carlos Moedas parece estar irracionalmente racional, necessitado que parece estar de nos mostrar pulso firme, em nome de uma segurança ilusória.

Não haverá mais disléxicos, sou só eu?

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