Nos meus últimos três artigos, relacionados com a presente crise do Covid-19 (Artigo 1, Artigo 2, Artigo 3), tentei demonstrar que a mesma foi espoletada pelos governos, através da eliminação de liberdades e garantias dos cidadãos, e não por uma pandemia.
Na realidade, à medida que os números são conhecidos, tem-se tornado evidente de que não se trata de uma crise sanitária; bem pelo contrário, será, isso sim, uma crise financeira de enormes proporções, que se irá prolongar por meses e anos, com enormes consequências na nossa liberdade e independência económica.
Nos sobreditos artigos, tentei demonstrar que o número absoluto de óbitos em Portugal não sofreu qualquer incremento na comparação directa com períodos idênticos de anos anteriores; ao inverso, a mortalidade é a menor dos últimos 4 anos, mesmo assumindo que os acidentes de trabalho e de viação deixaram de ocorrer durante o período de confinamento.
Ou seja, destruir a economia e encarcerar a população parece ter sido decidido sem qualquer fundamento.
Como podemos observar na Figura 1, a Suécia, que não adoptou medidas drásticas, apresenta melhores resultados que muitos países que as adoptaram, como a Bélgica, a Espanha e a Itália, os casos de maior gravidade em todo o mundo. Ao contrário dos hossanas que escutamos, Portugal é o 11º caso mais grave.
Figura 1
Chegamos à mesma conclusão se analisarmos os dados nos Estados Unidos desagregados por estado. Mais uma vez, não adoptar medidas restritivas permitiu melhores resultados; na Figura 2, constatamos que os estados sem confinamento têm um número de óbitos, por milhão de habitantes, inferior à média nacional.
Figura 2
A decisão de pisar os direitos constitucionais da população é totalmente surpreendente e sem paralelo; a população foi submetida pelo medo e o pânico, instigada a denunciar quem não aceitava o enclausuramento.
Ao contrário do propalado, a letalidade deste vírus em nada difere de uma gripe comum. Na Figura 3, podemos observar a aplicação da taxa de letalidade de uma gripe comum em Portugal aos países mais afectados pelo Covid-19 (Fonte).
Figura 3
No caso de Portugal, uma gripe comum vitima 3,3 milhares de pessoas (2018/2019). Até ao dia 28 de Abril do presente ano, com o número de novos óbitos diários a decair, depois do pico registado no dia 4 de Abril de 2020 (37 mortos), a crise do Covid-19, com 948 óbitos até ao momento, está muito distante da gravidade de uma gripe; o mesmo acontece na Suécia, onde o confinamento não foi aplicado.
Também não vemos a situação de ruptura em que nos encontramos. A curto prazo, esta crise irá obrigar os líderes dos principais países a confrontarem-se com uma decisão importante: terminar com a aventura do Euro ou criar um estado federal e autoritário, em que os países do sul, como Portugal, passarão a ser uns simples protectorados de Bruxelas.
Ao inverso da segunda guerra mundial, a Alemanha não necessitará de disparar um único tiro para tomar, de vez, conta dos destinos da Europa – ditando leis, nível de carga fiscal e o respectivo funcionamento das instituições.
A classe política dos países do Sul da Europa cedo se apercebeu que o Banco Central Europeu era uma enorme máquina de imprimir dinheiro, permitindo-lhes comprar votos com imensa facilidade.
Tudo isto requereu dinheiro, requer muito dinheiro; para tal, os estados subordinaram os bancos comerciais aos seus apegos tenazes, criando um ciclo vicioso.
Os bancos compram as obrigações emitidas pelos estados na emissão primária; seguidamente, solicitam empréstimos ao BCE com a garantia destas obrigações; por fim, o BCE compra estas obrigações aos bancos no mercado secundário, permitindo que estes amortizem a sua dívida junto do BCE e possam utilizar estas reservas em novas compras – um sem fim de dívida e de imprimir dinheiro!
Após a crise da dívida soberana europeia em 2012, a possibilidade de falências em catadupa de bancos comerciais, como ameaça contra o Euro, tem servido como forma de extorsão sobre os estados mais frugais.
Na Figura 4, podemos constatar que Espanha, Itália e França, apesar de desfrutarem de crescimento económico há vários anos, ainda não produziram um superavit fiscal desde 2010 – é um sem parar de gastar!
Figura 4
Em nome da “luta contra a austeridade”, Portugal também seguiu esta cartilha, alcançando um défice 0 apenas em 2019, que seguramente se irá evaporar nos próximos meses. Ao inverso, a Holanda e a Alemanha apresentam superavits há vários anos – como podemos constatar na Figura 5.
Figura 5
No final de 2019, a dívida pública destes 6 países, deixa muito claro quem estava preparado para enfrentar uma crise como o Covid-19 – ver Figura 6. Tanto a Holanda como a Alemanha eram os únicos países que cumpriam os originais critérios do tratado de Maastricht–a dívida pública, medida em percentagem do PIB, não deve exceder os 60%. Em situação oposta, encontrava-se Portugal e Itália, com um valor superior a 100%.
Figura 6
Se a Alemanha cede às pretensões destes estados, deixando as rotativas a trabalhar a todo o vapor, não se augura um grande futuro ao Euro, podendo existir o fim da moeda única.
A razão deste descalabro irá dever-se ao sério risco de elevada inflação na zona Euro, em particular pelo seguinte:
Outra opção que poderá ter lugar, e a mais provável, será a transformação da Europa num verdadeiro estado federal, pouco democrático e autoritário, completando-se a última etapa em falta: a união fiscal, com um orçamento decidido em Bruxelas, em lugar dos distintos parlamentos nacionais.
Ao ser o grande credor, a Alemanha passaria a ser a que tudo decide: a taxa de IVA, a despesa pública em saúde, as leis, a regulação…tal como um credor que perde a paciência e decide assumir que manda.
A Escol continuaria a voar para Bruxelas, a desfrutar de salários milionários e a simular que decide alguma coisa. A plebe, tal como um menino pequeno, passaría a portar-se bem e a gastar aquilo que produz: a remissão dos nossos desmandos seria finalmente imposta. Os que estão à mesa do orçamento continuam em casa, a receber o salário por inteiro e agravando o Apartheid da nossa sociedade
Infelizmente, as consequências de um cataclismo destas dimensões está-nos a empurrar para este último cenário.
Isto só pode piorar!