Estamos em 2022, depois da grande depressão mundial criada pela “pandemia” Covid-19.
Não havia inauguração oficial, mas a entrada em 2022 era o início de uma nova era no mundo, depois da grande depressão mundial criada pela Covid-19, resultado da crise financeira gerada pelo confinamento em 2020 e transformada em 2021 numa crise soberana de enormes proporções.
Em plena crise, como sempre acontece, os políticos aproveitaram o momento para implementar soluções “políticas’’ difíceis.
As crises são o momento em que o povo normalmente pede acção; o momento em que os estadistas gostam de intervir para ficar na história.
Tudo parecia bem encaminhado, quando no Conselho Europeu de Bruxelas de 8 de Maio de 2021, sem consulta aos 440 milhões de Europeus, se tinha criado um novo país: o “Euro’’.
Este país tinha um governo, um orçamento próprio, um exército, uma bandeira, um hino, uma autoridade tributária e, principalmente, podia emitir dívida em nome de todos.
Para tal construção, novas regras de governo foram elaboradas.
O paradigma tinha mudado sem consulta pública, uns mandariam mais, outros teriam que prestar contas, o equivalente a um estado vassalo. Politicamente, o problema parecia estar resolvido, financeiramente, viu-se posteriormente que não estava.
Inexoravelmente, a população via-se esmagada pela redução das receitas dos benefícios sociais, das suas liberdades e pelo aumento dos custos financeiros e fiscais, associados a uma forte repressão e vigilância estatal.
O plano coordenado com os bancos centrais tinha sido preparado para manter, se possível, ou então baixar, o nível de vida da população e, ao mesmo tempo, garantir o sistema financeiro, ou seja, indirectamente proteger o interesse de alguns poucos, aqueles que tinham activos.
A revolução começou anónima, com concentrações em praças importantes por todas as capitais da Europa, à semelhança do que tinha sido feito no Cairo, na praça Tahir.
Os intervenientes eram também os mesmos, os jovens e os desempregados de longa duração.
A diferença estava nos objectivos, enquanto no Egipto o derrube de governos totalitários estava na mente de todos, na Europa, o fim da “escravatura financeira”; como disse na época o secretário-geral do Partido Popular Espanhol, ‘’uma sociedade não pode ficar sequestrada por pessoas que não sabem sequer o que reivindicam e não respeitam o Estado de direito’’.
Queriam um novo sistema financeiro, em que o aumento da quantidade de dinheiro não tivesse que significar aumento de dívida. Queriam bancos que assumissem os seus riscos e não tivessem que ser salvos pelos contribuintes.
Queriam bancos que tivessem unicamente uma função: de remunerar depósitos e emprestar dinheiro numa dimensão humana e o desmantelamento das grandes instituições.
Queriam um sistema de segurança social que não estivesse construído num modelo piramidal, tal como uma “Dona Branca”, em que eram os trabalhadores no activo que pagavam os reformados.
Queriam uma sociedade democrática que restituísse a liberdade aos seus cidadãos.
Queriam uma justiça mais justa e mais célere. No funcionamento prático da justiça queriam um mínimo de leis, para que elas pudessem ser do conhecimento de todos e todos pudessem ser responsabilizados. Não queriam profissionais de leis, nem investigações que durassem anos, sem consequências e destruindo a vida dos acusados.
Queriam uma sociedade com menos advogados. Estes tinham sido os responsáveis pelo modelo político anterior, em particular a selva de leis visando a protecção da sua actividade incentivadora de conflitos.
Queriam contratos que todos pudessem entender, que, no máximo, tivessem uma página A4.
Queriam uma sociedade com menos crédito e mais capital, queriam uma sociedade com menos Estado.
Felizmente, o texto anterior é totalmente ficção, mas isso não invalida que estejamos a viver uma situação anómala que pode ter consequências imprevisíveis.
Nos Estados Unidos, 26 cidades estão em recolher obrigatório, das 8:00 da noite às 5:30 da manhã, e, entre essas cidades, está Nova Iorque, Chicago e Los Angeles.
A tensão existente verifica-se ao nível das populações, das diferentes gerações, mas também países e os seus governos, com tensões anormais e perigosas.
E o problema mais evidente desta crise é o problema geracional, susceptível de poder criar atritos. Os problemas são transversais.
Actualmente, para quem está na vida activa, quer seja na iminência de ir para a reforma ou para o desemprego, quer seja à procura de um primeiro ou terceiro emprego, e seja minimamente observador, o momento é aterrador.
Os jovens começam a estar conscientes que estão a ser confrontados com enormes desafios, criados por uma geração que os desrespeita totalmente e que os ilude com problemas por si criados.
Os jovens começam a perceber que vão depender de si da sua capacidade de observação para identificar os verdadeiros problemas, e não aqueles que a actual geração identifica como sendo problemas, porque senão já estariam solucionados.
Os jovens sentem-se já ‘’uma geração azarada’’ e questionam-se sobre os seguintes temas:
Sem que percebam bem o que se está a passar, estão bem atentos aos acontecimentos e têm plena consciência de que vivemos um momento histórico.
Acreditam tratar-se de matéria para especialistas, o que é normal, tendo em conta que ninguém encarou a possibilidade de formar a juventude para que tenha uma melhor noção, quer dos rudimentos da economia, quer da forma de os utilizar, quando se depara com a necessidade de empreender.
O que se ouve são pretensas soluções, que envolvem geralmente subsídios, ou empréstimos bonificados, apresentados numa linguagem hermética, e burocrática que nada tem a ver com a criação de jovens empreendedores.
O filme ‘’In Time’’ faz uma visão chocante de um futuro em que o dinheiro é o tempo e aquilo que se compra são horas e minutos, mas retirando a futurologia de um novo paradigma, não é muito diferente, porque o dinheiro actualmente também remunera o nosso tempo.
Perceber o dinheiro é importante, porque aquilo que existe actualmente é só dívida, ou seja, um sucedâneo do dinheiro que alterou completamente os conceitos porque se regeu a economia nos últimos 50 anos.
Em termos financeiros, poderemos dizer que o colateral que se está a dar aos reformados actuais e aos trabalhadores actuais são os jovens da actual geração.
Porque é do rendimento dos actuais e futuros trabalhadores que se poderão manter os actuais reformados.
Algo vai ter que mudar porque este modelo parece estar esgotado.