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ONDE FALAMOS DE BOLSA
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Risco e Conjuntura

Desde a nossa mais tenra idade que todos, sem excepção, somos condicionados a não correr riscos. Os pais, a escola aconselham-nos a que não se corram riscos e a fazer as coisas de forma segura. Afinal de contas o risco, tal como está convencionado na nossa sociedade, só tem um lado e esse lado é o mau.

Infelizmente este, como outros condicionamentos do nosso crescimento enquanto cidadãos, não passa com um passe de mágica, pelo que nos permitimos fazer um diagnóstico e uma sugestão para o País Portugal.

As finanças do País têm que ser entendidas por todos, mas de forma simples, para que todos os possam compreender. A economia do País ou a economia de uma familia é a mesma coisa, guardadas as proporções, no entanto as pessoas pensam que o Estado tem um défice porque gasta mais do que o que recebe, sabendo muito bem que no seu agregado a mesma situação não é considerada um défice mas sim um problema.

Façamos o exercicio de explicar de forma simples conceitos simples, que por força do progresso nos levaram a afastar-nos do bom senso.

O Porto de Londres precisava, em 1970, de 108 homens e 5 dias de trabalho para descarregar um barco de madeira. Hoje são precisos 8 homens e um só dia para realizar o mesmo trabalho. A isto chama-se progresso. Ganhos de produtividade, aumento da tecnologia, e aumento de desemprego.

Muitos outros exemplos poderiam ser dados, de actividades que por completo desapareceram, de que são evidências, a de fotocompositor, que eram pessoas que há ainda 15 anos copiavam os textos de jornais e revistas em máquinas fotocompositoras e que simplesmente desapareceram porque hoje os textos dos jornalistas já não precisam de ser copiados. A actividade do corretor de Bolsa é hoje uma actividade em vias de extinção, com o advento das plataformas tecnológicas por internet que permitem aos investidores serem os seus próprios corretores.

A mudança é pois um factor constante da evolução da humanidade, podendo mesmo dizer-se que é a única coisa que permanece.

As pessoas sabem, apesar de não o reconhecerem, que a mudança é a regra fundamental da vida. Logo, as resistências à mudança não são naturais. Para ser mais claros ainda, se a mudança é a única constante, então a incerteza é a variável natural. Pouco natural é a surpresa com que a maioria da população convive com a incerteza, sabendo como se sabe que a vida é imprevisivel.

A solução está numa maior assunção de riscos, porque tomar riscos é aceitar a mudança, aceitar a realidade e por essa razão, assumir riscos é a forma mais segura de aceitar a mudança.

É fundamental fazer entender às pessoas a necessidade de compreender o risco, porque este pode ser um factor altamente produtivo.

Os empresários de sucesso sabem que o risco é uma vantagem competitiva para ser usada, e não um obstáculo para ser evitado.

O Português entende como natural procurar o seu interesse próprio, melhorar a sua condição de vida, aumentar o seu poder de compra. Conceitos económicos elementares que devem conduzir à prosperidade. Curiosamente o conceito de capital fora destes parâmetros não é compreendido. Veja-se a publicidade do Euromilhões que procura atingir com precisão a natureza do consumidor: ‘’Criar excêntricos’’. Não é criar empresários, ou banqueiros, ou promover riqueza, é tão sómente criar consumidores e elevados ao padrão de excêntricos, ou seja, sem razoabilidade.

É aqui que deve ser feito o maior esforço por parte do Estado, porque só uma população capaz de criar riqueza é capaz de alterar o rumo dos acontecimentos.

A situação económica realça , sobretudo, o esgotamento do modelo de desenvolvimento baseado no consumo.

Seguramente estamos no limiar de importantes transformações, o que confere enorme responsabilidade às lideranças politicas e aos diversos sectores económicos, a quem cabe assumir a vanguarda na condução de propostas concretas para o desenvolvimento económico.

Pensamos que passada a fase de controle da fuga ao fisco, deve ser desencadeado um amplo projecto de ampliação do investimento nas empresas privadas de pequena e média dimensão com perspectivas de crescimento, incentivando o capital de risco.

É fundamental que o investimento directo em empresas fechadas esteja associado a um projecto de investimento efectivo por parte dessas empresas e à abertura dos seus capitais.

A discussão do modelo, deve contemplar as relações entre os diversos agentes económicos e centrar-se em particular nas relações capital nacional- capital estrangeiro, Estado- sector privado, e capital – trabalho.

Até aqui temos tido uma economia caracterizada por uma actuação fortemente paternalista do Estado que não tem os resultados previstos quando são consideradas as desigualdades existentes.

Se queremos modernizar a organização económica da sociedade Portuguesa, devemos, em principio, questionar a natureza das relações e procurar os meios para um efectivo progresso do País.

O momento da sociedade Portuguesa exige que as respostas aos problemas ultrapassem as questões imediatas. Parece-nos no entanto que se deve basear num sector privado forte e ampliado na sua base, por uma diminuição da presença do Estado e por um padrão superior de participação da população nos ganhos das empresas.

O Governo espera resolver os actuais problemas com a iniciativa privada, o Presidente faz apelo a um maior assumir de risco por parte da iniciativa privada, mas o País está preso nos seus movimentos porque não existe um fluxo adequado de poupança para o sector produtivo, que se reflecte na pequena dimensão das empresas e na sua permanente escassez de liquidez.