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ONDE FALAMOS DE BOLSA
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Inflação ou estagflação

Ser economista é estar a discutir se estamos actualmente a atravessar um periodo de inflação ou de estagflação. Para os não economistas a diferença estará em saber se temos inflação com crescimento económico ou inflação sem crescimento económico. Os bons economistas saberão, como sempre à posteriori, dizer-nos em qual destas situações estamos. Os não economistas terão que tomar decisões hoje, não podem esperar pelo facto consumado e para isso terão que estar atentos, ter bom senso e ser bons observadores.

O Financial Times titula que ”o espectro da inflação está de volta à economia global”, mas a FED e o seu presidente estão, paradoxalmente, a combater a deflação. Só assim se compreendendo que estejam a emprestar dinheiro a taxas que são metade da taxa de inflação. Esta não é a forma clássica de se combater a inflação porque quando Volcker (antigo presidente do FED) o experimentou as taxas de juro subiram aos 2 digitos. Bernanke, na última reunião do FED, deixou as taxas nos 2% por isso deve estar a ver deflação no horizonte.

Os não economistas estão atentos e constatam que o petróleo subiu 42% este ano, o gaz natural 76% o milho 58%, os metais 30% em média, o leite o arroz, o barbeiro.., tudo. As subidas estão nas matérias primas, o que faz com que esta inflação seja global não deixando nenhum país imune a esta realidade. Não é coincidência. A inflação é agora global porque a moeda de reserva mundial que é o dolar americano com a sua constante depreciação, tem efeitos negativos no sistema financeiro e agora na economia mundial. Porque razão está a moeda a depreciar perguntar-se-ão alguns. A resposta está na injecção permanente de liquidez que os bancos centrais têm feito para evitar o colapso do sistema financeiro, sendo que no caso do FED são utilizados todos os mecanismos possiveis para o fazer de modo a que não seja muito evidente aos olhos do publico.

Para se perceber como funcionam estas coisas entre moedas é preciso saber que os países têm neste momento 2 problemas: o primeiro é a subida da inflação nas suas economias locais, o segundo é a exposição ao dolar. Do Brasil à China os consumidores estão a sofrer os efeitos da inflação, na energia, nos transportes na alimentação. Alguns destes países têm as suas moedas indexadas à moeda americana com o intuito de venderem os seus produtos mais baratos nos Estados Unidos. Com este mecanismo vendem mais produtos mas, simultaneamente, ficam com mais dolares o que é mau. Neste momento alguns destes países estão literalmente sentados em cima de uma montanha de dolares, pelo que estão demasiadamente expostos ao risco da desvalorização do dolar e da valorização das matérias primas.

O caso do petróleo é conclusivo. Os gráficos do petróleo e do US $ são exactamente o inverso, o que demonstra que um dolar fraco determina um petróleo caro, e que o aumento das matérias primas são só o resultado da inflação monetária patrocinada pelo governo Americano.

O Morgan Stanley fez um relatório dizendo que se o FED não subir as taxas brevemente pode desencadear outro acontecimento ainda mais catastrófico. Isto demonstra que existe muita gente que reconhece o problema mas poucos conhecem a solução para ele.