Muitos leitores se questionam: forex, o que é? Tal como o mercado de acções, trata-se de investir num activo, neste caso uma moeda.
Se o leitor espera uma apreciação da moeda, ou seja, uma subida do seu preço, deverá abrir posições longas – primeiro comprar (abertura da posição) e depois vender (fecho da posição); em caso contrário, deverá optar por posições curtas – primeiro vender (abertura da posição) e depois comprar (fecho da posição).
Tal como uma acção, uma moeda pode estar cotada em diferentes moedas; essencialmente, no caso das acções, depende da bolsa de valores onde a empresa está admitida à negociação.
A empresa britânica Vodafone pode ser negociada através do mercado londrino, neste caso está cotada em Libras Esterlinas (cêntimos de GBP), ou através da bolsa de valores Nasdaq, onde se encontra a cotar em dólares norte-americanos (USD) – através de um ADR.
O Forex Trading realiza-se através de pares cambiais. O par esquerdo, a moeda que pretendemos negociar, por outras palavras, o activo negociado; o par direito, a moeda em que o activo está cotado.
Se o leitor desejar conhecer todos os detalhes da negociação no mercado de Forex, recomendo-lhe este artigo: “Forex: O que é? Como funciona?”.
No presente artigo, decidi proporcionar ao leitor uma breve síntese sobre um método simples de obter sinais Forex; ou seja, possíveis estratégias de investimento no mercado Forex.
O leitor deverá saber que o valor de uma moeda depende fundamentalmente das políticas monetárias do banco central emissor dessa moeda, com impacto na balança comercial e de capitais.
Se o mercado de Forex é inundado de moeda, em resultado de estímulos monetários ou pela redução das taxas de juro por parte do banco central, essa divisa deverá depreciar-se, fruto do excesso de oferta colocado no mercado.
No entanto, tal como o mercado accionista, a análise fundamental deixou de fazer sentido: isso era há anos atrás.
Por exemplo, há 40 anos atrás, um défice da balança comercial norte-americana poderia provocar uma forte queda do dólar norte-americano, pois colocava pressão vendedora do USD no mercado de forex; hoje, tal não acontece, o mercado ignora por completo tal situação: vivemos um “novo normal”.
Nada mais nos resta que negociar através de tendências, sejam ascendentes ou descendentes; ou seja, negociar com as probabilidades a nosso favor.
Para este exercício, decidi utilizar a situação do mercado Forex para o fecho da sessão no último dia 5 de Outubro de 2020.
Para o dito exercício utilizei as seguintes moedas: Prata (XAG/USD); Ouro (XAU/USD); Franco suíço (CHF/USD); Euro (EUR/USD); Iene japonês (JPY/USD); Dólar australiano (AUD/USD); Dólar de Singapura (SGD/USD); Dólar da Nova Zelândia (NZD/USD); Libra Esterlina (GBP/USD); Dólar canadiano (CAD/USD); e o Rublo russo (RUB/USD).
Como podemos observar, todos os pares utilizam o USD como moeda (par direito); assim, torna a comparação de desempenho para o presente ano possível.
Na Figura 1 podemos observar a rendibilidade acumulada das distintas moedas cotadas em USD para o presente ano – entre o final de 2019 e o fecho da sessão do último dia 5 de Outubro de 2020.
Os metais preciosos registam importantes subidas frente ao dólar norte-americano (USD), bem como o Franco Suíço e o Euro, embora de menor dimensão – 6,5% e 5,4% respectivamente.
A Prata regista uma subida superior a 30%; o Ouro superior a 25%. Pelo lado negativo, temos o Rublo russo, com uma queda de 20%. A Libra Esterlina (GBP) perdeu apenas 1% frente ao USD, apesar de toda incerteza associada à negociação do acordo de saída do Reino Unido.
Ao aplicarmos este filtro, podemos ver o resultado mesmo na Figura 2.
Os pares cambiais XAGUSD, XAUUSD, CHFUSD e JPYUSD encontram-se em tendência ascendente; no caso dos pares SGDUSD, GBPUSD, CADUSD e RUBUSD, encontram-se em tendência descendente – segundo o critério das Média Móveis.
Vamos agora analisar cada par cambial onde detectámos uma possível tendência, por forma a verificar cada par cambial em concreto.
No caso da Prata (XAGUSD), registou-se uma tendência descendente desde o máximo ocorrido no princípio de 2011, em torno dos 50 USD por onça, até ao final de 2015, tal como podemos observar na Figura 3.
A partir desse momento, tivemos uma tendência lateral, entre um suporte em torno a 13,8 USD por onça e uma resistência em torno a 19 USD por onça.
No presente ano, esta lateralidade foi rompida, no sentido ascendente, superando a importante resistência dos 26,5 USD por onça; no entanto, perdida uma vez mais.
Assim, no caso de romper novamente os 26,5, no sentido ascendente, a tendência ascendente, iniciada no presente ano, será confirmada; caso contrário, se a Prata perde novamente os 19 USD por onça, a lateralidade que ocorreu durante muito tempo é provável que regresse.
No caso do Ouro (ver Figura 3), temos uma tendência ascendente de longo prazo, onde podemos identificar três pontos: Outubro de 2008, final de 2015 e Setembro de 2019, com mínimos crescentes.
Entre 2015 e 2019 formou-se um triângulo ascendente, com uma linha de resistência horizontal em torno a 1 350 USD por onça; a mesma foi rompida no sentido ascendente em 2019.
Desde então, o Ouro encontra-se numa tendência ascendente acentuada, tendo efectuado um novo máximo em torno a 2073 USD por onça.
Tudo depende se o Ouro será capaz de romper, no sentido ascendente, o anterior máximo de 1 920 USD por onça; caso tal aconteça, poderemos assistir a novos máximos históricos, caso rompa novamente os 2073 USD por onça.
Se corrigir, ou seja, se o preço evolui no sentido descendente, existe um suporte importante que importa ter em conta, em torno dos 1780 USD por onça.
Em relação ao Franco suíço (CHF), trata-se de uma moeda que se encontra numa tendência descendente desde 2011, tal como podemos constatar na Figura 5.
Em 2020, rompeu, no sentido ascendente, essa linha de tendência descendente, cotando junto à resistência em torno a 1,10 USD; posteriormente, realizou um “pullback” à linha de tendência, que agora funciona como um suporte.
Caso rompa a resistência de 1,10 USD e consolide esse movimento, poderemos assistir a uma nova tendência, neste caso ascendente.
O Iene japonês, tal como o Franco suíço, encontra-se numa tendência descendente de longo prazo frente ao USD. No entanto, desde 2014, iniciou-se a formação de uma tendência ascendente, tal como podemos observar na Figura 6.
Presentemente, encontra-se próximo de romper a resistência em torno a 0,95 USD; caso tal aconteça, o novo objectivo encontra-se em torno a 1 USD, a seguinte resistência relevante.
O dólar de Singapura também se encontra em tendência descendente.
Actualmente, encontra-se próximo desta linha de tendência; caso a rompa, no sentindo ascendente, poderemos assistir a uma inversão desta tendência; em caso contrário, poderá testar a importante linha de suporte, em torno a 0,69 USD.
A Libra Esterlina encontra-se numa linha de tendência descendente acentuada desde 2008 (ver Figura 8); realizou um fundo em 2016, quando ocorreu o Brexit, e outro em Abril do presente ano, em torno de 1,15 USD por Libra Esterlina.
Para inverter esta tendência descendente, terá de superar a importante resistência em torno a 1,30 e a linha de tendência descendente de longo prazo.
O duplo fundo que ocorreu, ambos a 1,15 USD, poderá representar uma inversão definitiva desta tendência de longo prazo: nas próximas semanas iremos saber.
O Dólar canadiano, tal como as anteriores divisas, encontra-se numa tendência descendente de longo prazo (ver Figura 9) frente ao USD. Existem agora dois novos objectivos nas próximas semanas: o primeiro, em torno a 0,73; o segundo, em torno a 0,68 USD.
Importa ter em conta que realizou um duplo fundo, em Janeiro de 2016 e Abril de 2020, indicando a possibilidade de inverter esta tendência; para confirmar esta inversão terá de romper em definitivo a linha de tendência descendente de longo prazo.
Por fim, o Rublo russo, a moeda que se encontra numa tendência descendente acentuada.
No presente ano depreciou-se mais de 20% frente ao USD, algo substancial para uma moeda.
Como podemos observar na Figura 10, ocorreu um duplo fundo que poderá indicar uma inversão de tendência; no entanto, voltou a testar outra vez os 0,013 USD.
Assim, caso a cotação rompa, no sentido descendente, esta linha de suporte, a linha de tendência descendente poderá acentuar-se, passando este patamar a funcionar como resistência em lugar de suporte.
Como o leitor terá verificado, a análise técnica é algo que poderá ajudá-lo a tomar decisões de investimento com sucesso.
Para tal, deverá ter muito claro a tendência do activo, o melhor ponto de entrada e saída da posição.
Também deverá utilizar osciladores e retracção Fibonacci para confirmar estas decisões.