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ONDE FALAMOS DE BOLSA
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Forex: Crash do USD à Vista!

Desde 2011, após a grande depressão iniciada em Setembro de 2008, com a falência do Lehman Brothers, o dólar norte-americano tem registado uma tendência ascendente em relação às demais divisas, tal como podemos observar no gráfico do índice do Dólar.

Trata-se de um índice que mede o valor do dólar norte-americano contra um cabaz de divisas, apenas as mais importantes, como por exemplo o Euro (EUR), o Iene Japonês e a Libra Esterlina; no entanto, importa realçar que o EUR tem um peso próximo de 60%. O seu máximo registou-se no início de 2017, poucos meses após a eleição de Donald Trump.

Na passada semana, a redução de 50 pontos base (0,50%) na taxa directora da Reserva Federal, o banco central dos Estados Unidos, no meu entender, poderá ter colocado um fim a esta tendência. Porque motivo? É provável que o mercado finalmente compreenda o ardil em que se deixou encurralar desde a última recessão. Senão vejamos.

Para combater os efeitos da crise, o Banco Central implementou medidas monetárias não convencionais: os denominados programas de “Quantitative Easing”; ao todo, foram três. Apesar do nome altissonante – “Relaxação Quantitativa”-, na prática consiste na emissão massiva de moeda para a compra de activos financeiros, em particular de obrigações do tesouro norte-americano na posse de bancos comerciais.

Nada de novo, nem inovador: a mesma fraude tentada há séculos!

Para estes três programas, a Reserva Federal emitiu 4 biliões de USD, aproximadamente 50 vezes o programa de resgate a Portugal em Abril de 2011. Segundo os objectivos então enunciados, estes programas visavam estimular a economia, através da subida dos preços dos activos financeiros, que por sua vez permitiria estimular o consumo na economia, atendendo que os detentores destes activos podiam utilizar estes ganhos na aquisição de bens e serviços, gerando mais empregos e oportunidades para as classes menos favorecidas.

O extraordinário de tudo isto, é como podemos continuar a acreditar nestas patranhas! Em nenhum momento da história, imprimir dinheiro resolveu qualquer problema. Caso fosse verdade, a economia do Zimbabwe seria agora a economia mais próspera do mundo!

Como sempre acontece, estas acções apenas resultaram na redistribuição de riqueza a favor dos ricos, precisamente os que detêm a maior parte dos activos financeiros. Ao longo de mais de 10 anos, esta inflação sem precedentes permitiu gerar valorizações assombrosas na maioria dos títulos da bolsa norte-americana, tal como aconteceu para as acções da Amazon desde 2009, que subiram 1600% aproximadamente!

Nenhum problema estrutural foi solucionado, aquilo que se tinha iniciado como um problema de excesso de dívida, foi resolvido com mais dívida, obviamente com o apoio incondicional do banco central.

Este último, não só, imprimiu quantidades inimagináveis de moeda, como também, colocou o preço do dinheiro a 0% durante quase 10 anos, permitindo que governo, famílias e empresas entrassem numa orgia de dívida e crédito, em lugar do fortalecimento dos seus balanços, liquidando investimentos inviáveis e amortizando dívidas.

Nada disso foi feito, as dívidas voltaram a registar máximos históricos e os Estados Unidos são agora o maior devedor do mundo e da história. Estão simplesmente adictos aos efeitos mágicos da máquina de imprimir dinheiro que é o USD, abusando do estatuto de moeda reserva do mundo.

O embuste que o banco central vendeu aos mercados foi precisamente a promessa de normalização da sua política monetária. Estas medidas extraordinárias foram publicitadas precisamente como extraordinárias: tudo seria normalizado depois da economia ter recuperado.

Efectivamente, em 2016, a Reserva Federal norte-americana iniciava a redução do seu balanço, através da venda de activos financeiros na sua posse, e a subida das taxas de juro.

Tudo isto foi Sol de pouca dura!

No final de 2018, sem o “dinheiro a jorrar” do banco central, os mercados norte-americanos despenharam-se de forma espectacular, com os índices S&P 500 e DOW 30 a terminar no vermelho esse ano, existindo então o risco de se colocar um fim à tendência ascendente na bolsa norte-americana desde Março de 2009.

De imediato, as “vozes do mercado” impuseram a sua lei: a bolha bolsista tinha de continuar!

Sem perder tempo, a marcha à ré foi engatada. A Reserva Federal começou outra vez a anunciar descidas de taxas de juro; em Setembro de 2019, começou outra vez a imprimir dinheiro, desta vez com a desculpa de “normalizar” o mercado interbancário dos Estados Unidos, em socorro, mais uma vez, dos bancos comerciais e de outros operadores, atendendo que estes necessitavam de “liquidez” para continuar a realizar as suas “apostas” alavancadas, em alguns casos 10 vezes.

Na passada semana, a liquidez solicitada em alguns dias foi superior a 100 mil milhões de USD; isto é, em apenas um dia! Basta recordar-nos da crise de 2008, em que foi necessário emprestar 700 mil milhões de USD aos bancos, porque o mundo estava prestes a terminar! Agora, em apenas 7 dias, podemos chegar à mesma cifra e sem qualquer ruído, ou necessidade de solicitar o voto do Congresso norte-americano.

O aparecimento do Coronavírus foi o “Cisne Negro” útil desta história, que terá certamente um epílogo trágico. O mercado de Forex já anuncia o descalabro. Nas últimas duas semanas, o par cambial EUR USD rompeu uma linha de tendência descendente que se verificava desde meados de Junho 2018.

Finalmente, o mercado pressente que a partida está a terminar para a Reserva Federal; esta última, apenas adiou problemas, sendo agora bem superiores aos da anterior crise. A dívida está na estratosfera e as falências aproximam-se. Estas acções desesperadas da última semana apenas anunciam uma coisa: a previsível depreciação do dólar!